Herbert Pastor

Empresário - herbertpastor@omunicipio.com.br

A virgem e os tarados

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A virgem e os tarados

Herbert Pastor

Nosso presidente Bolsonaro, sempre pródigo em máximas esdrúxulas, saiu-se recentemente com esta: “o Brasil é uma virgem que todos os tarados de fora querem.”

A virgem, no caso, seria nossa floresta amazônica e os “tarados de fora”, entre outros, o presidente francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã Angela Merkel que, segundo ele, “querem se apossar da Amazônia para explorá-la em proveito próprio.”

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Europeus autênticos, Macron e Merkel mostram-se definitivamente preocupados com a catastrófica política ambiental do governo Bolsonaro, tendo Merkel comunicado ao Bundestag, parlamento alemão, na véspera de sua viagem ao Japão para a reunião do G-20, que aproveitaria o encontro para abordar o assunto com o presidente brasileiro, que lá estaria para o mesmo encontro.

Previamente informado das intenções da chanceler germânica, nosso presidente não perdeu tempo e, ao desembarcar em terras nipônicas, vociferou com aquela sua humildade característica aninhada em uma diplomacia de Rambo: “não vim aqui para levar pito como os governos anteriores. Merkel não tem autoridade para falar de política ambiental pois o Brasil tem muito para ensinar à Alemanha”.

Pelas estatísticas, sabemos que em maio e junho fomos campeões mundiais do desmatamento, o que torna difícil entender do que Bolsonaro está falando quando afirma que “o Brasil é um exemplo na preservação ambiental”. 

Além do mais, é público e notório que seu governo alavancou um processo de desmonte da fiscalização e da legislação ambiental, sempre visando favorecer o agronegócio, um dos pilares de sustentação política de seu governo. 

Alemanha e Noruega, que financiam o projeto de preservação “Fundo Amazônia” (R$ 1,3 bilhão em dez anos) já sinalizaram que poderiam abandonar a empreitada caso o governo insista em desviar verbas destinadas à preservação da floresta para outros projetos. Lamentável.

Ao que tudo indica, o atual governo ainda não entendeu, ou não quer entender, que o mundo civilizado está atento para o problema do aquecimento global, fenômeno que nosso mandatário nega, a exemplo de seu ventríloquo, Donald Trump, presidente dos EUA.

O aquecimento do planeta tem sido a causa de inúmeras intempéries, também em nossa região, o que obrigou governos responsáveis a controlar a emissão de gás carbônico, o grande vilão da mudança climática mundo afora. 

A Amazônia é reconhecida por todos como o “pulmão do planeta”, o que justifica a preocupação mundial com a sua preservação.

Sabemos que as árvores contêm o aquecimento global, absorvem e eliminam os gases venenosos. Desta forma, é preocupante saber que 20% de nossa floresta amazônica já tenha desaparecido para sempre e que, com 40% desmatados, não se sustentaria mais o funcionamento do ecossistema de uma floresta tropical chuvosa, o que levaria a Amazônia a transformar-se num cerrado.

Enquanto que, em Osaka, os 20 países mais ricos do mundo discutiam os seus amores e desamores, chegava-se em Genebra, após 20 anos de negociação, a um final feliz nas negociações do acordo de Livre Comércio entre a UE e Mercosul.

O presidente francês Macron, com postura idêntica a Merkel sobre a política ambiental verde-amarela, foi curto e grosso: só assinaria o acordo mediante compromisso do Brasil em não abandonar o Clube de Paris. Bolsonaro rendeu-se e assumiu o solene compromisso.

Pergunta-se, até quando?

Bolsonaro é uma figura imprevisível, impulsiva, mal informada, dispersiva e conectado, muitas vezes, numa realidade que é só dele. 

No exercício do cargo, não tem o menor senso de prioridades e costumeiramente gasta o seu tempo com bobagens que não tem nada  a ver com a presidência da República.

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Agora mesmo defendeu, nas redes sociais, o trabalho infantil, e acaba de meter-se num bate boca entre a novelista global Gloria Perez e o ator José de Abreu. Um absurdo. 

Suas decisões são, normalmente pessoais e impregnadas de ranço ideológico e tenho certeza de que o país se mostraria agradecido se lhe confidenciassem que Dom João VI já era, que o Primeiro e Segundo Reinados já fazem parte de nossa história e que ele foi eleito num sistema presidencialista, com todas as instituições democráticas em pleno funcionamento.

Louvável seria também lembrá-lo de que vivemos num país secular, pois numa eventual candidatura à reeleição em 2022, corremos o risco de ter como vice o lunático pastor fundamentalista Marco Feliciano que, se eleito, declararia o prazer de uma caipirinha o oitavo Pecado Capital da Humanidade.

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