Vida de Inseto
Eu não sei quem tem mais medo: uma única barata do homem ou o homem de um aglomerado de baratas. A luta entre oprimidos e opressores vem se repetindo na história da humanidade desde o início da unificação social. Uma das consequências de viver em sociedade é ter de conviver lado a lado com outros indivíduos, indivíduos esses que não raramente demonstram modos divergentes de ver o mundo a sua volta. O que acontece é que não conseguindo se adequar as diferenças alheias, aqueles que ocupam as cadeiras do governo, os que controlam as rédeas da indústria e os vivem nas altas camadas da sociedade utilizam de seus ardilosos meios para controlar o modo de vida da população e camuflar as vozes daqueles que não demonstram um modo uniforme de pensar e agir (ops! corta a internet deles!).
As minorias (os homossexuais, as mulheres, os negros, os ateus, etc.) já existiam muito antes da formação das sociedades, contudo o que acontecia até o século passado é que essas pessoas pertencentes a pequenos grupos eram silenciadas pelo sentimento de vergonha ou pelo medo, assim, tinham de modificar os seus pensamentos e seus sentimentos para adequar-se a vida em conjunto. Com a invenção da internet o cenário social sofreu uma grande mudança, quase todos os indivíduos pertencentes a alguma minoria puderam finalmente encontrar simpatizantes, unir suas vozes e começar a lutar por mudanças.
Mas mudanças geralmente não agradam aqueles que estão no poder, principalmente aqueles que reivindicam pela imutabilidade social baseada em seus preceitos financeiros, religiosos e familiares. A História comprova que, para evitar que tais transformações venham a ocorrer, os governantes tendem a silenciar os precursores dessas alterações. Se é através da internet que o povo tem conseguido abrir seus olhos para a realidade catastrófica de nosso país, então uma das duas opções deve ser limitada: a voz do povo ou a internet. Oras, basta matar dois coelhos com uma cajadada só, limita-se a internet, limita-se a voz do povo.
É preciso ressaltar que a suposta limitação de nossa internet não é necessariamente uma tentativa de boicotar milhares de pessoas que utilizam da banda larga ilimitada para se reunir e lutar por um Brasil melhor. Na verdade, isso seria apenas uma consequência, que concidentemente acabaria agradando e facilitando a vida dos governantes e dos grandes empresários.
Quando presencio cenas de intolerância e preconceito não consigo deixar de pensar que é graças ao poder que a tecnologia nos deu de nos unirmos com mais facilidade é que essas tais cenas veem se repetindo com menos frequência. Mas há ainda há muito a ser feito, e não conseguiremos conquistar com tamanha velocidade novas mudanças sem ter ao nosso lado a internet. Não sou barata, mas sei que sozinho posso tocar o terror, em bando… Eles que se cuidem!
Pedro Rabelo de Araújo Neto – 16 anos – terceirão