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Um pouco sobre as nossas mulheres: Guerra e Arte

Dando sequência à série de publicações em homenagem as mulheres que fizeram história e que já não estão entre nós, a coluna de hoje é dedicada a Anita Garibaldi, considerada “heroína dos dois mundos”, e a Rosalie Julie Auguste Sametzk (Roese) Gaertner, considerada pioneira das artes. Anita Garibaldi – a guerreira Ana Maria Ribeiro da Silva (Anita), era descendente de […]

Dando sequência à série de publicações em homenagem as mulheres que fizeram história e que já não estão entre nós, a coluna de hoje é dedicada a Anita Garibaldi, considerada “heroína dos dois mundos”, e a Rosalie Julie Auguste Sametzk (Roese) Gaertner, considerada pioneira das artes.

Anita Garibaldi – a guerreira
Ana Maria Ribeiro da Silva (Anita), era descendente de imigrantes dos Açores. De família humilde, nasceu em 30/08/1821 em Morrinhos (Laguna) e aos 15 anos se casou com o sapateiro Manoel Duarte de Aguiar. Não tiveram filhos. Em 1837, durante a Guerra dos Farrapos, o italiano Giuseppe Garibaldi, a serviço da República Rio-Grandense, tomou a cidade portuária de Laguna, transformando-a na primeira capital da República Juliana. No final do ano de 1839, Anita, então com 18 anos, se apaixonou pelo italiano Garibaldi, deixou o marido e acompanhou o revolucionário.

Entusiasmada com os ideais democráticos e liberais de Garibaldi, Anita aprendeu a lutar com espadas e a usar armas de fogo, convertendo-se na guerreira que o acompanharia até o fim. No combate do Campo das Forquilhas, próximo de Curitibanos, Anita foi presa, mas conseguiu fugir e reencontrar os republicanos no Rio Grande do Sul, com os quais também estava Giuseppe Garibaldi.

Anita e Giuseppe se casaram no dia 26 de março de 1842, no Uruguai, na Igreja de São Francisco e tiveram quatro filhos: Menotti, Rosita (que faleceu em tenra idade), Teresita e Riccioti. No final de 1847, Anita e os três filhos seguiram ​para a Itália e naquele país ela aceitou o duro ofício de guerrear. Giusepe seguiu a família alguns meses depois.

Anita desviveu na Itália em 04 de agosto de 1849, aos 28 anos de idade. Teve vida curta e própria de uma heroína e foi sepultada na colina de Gianicolo, em Roma. Consagrada no Brasil e na Itália, e por isso chamada de “Heroína dos Dois Mundos”, tem monumentos em Florianópolis, ruas levam seu nome, e até uma cidade catarinense recebeu o seu nome. Na Itália, Anita Garibaldi tem monumentos em Roma, Ravena e Milão.

Roese Gaertner: pioneira das artes
Rosalie Julie Auguste Sametzk (Roese) Gaertner, nasceu em 1842 em Lauban, Silésia, Prússia, e veio para o Brasil ainda jovem na companhia do seu pai. Em 1865, se casou com o Cônsul Victor Gaertner, sobrinho neto do Dr. Blumenau, com quem teve oito filhos: Erich, Arnoldo, Felix, Helmut, Elsa, Victor, Harry e Edith.

A frente do seu tempo, chamada carinhosamente por Roese, ela implantou o teatro amador em Blumenau no período que vai de 1860 a 1885. Com espírito de coragem e pioneirismo, organizou e desenvolveu campanha que formou opinião pública construtiva e decidida para colaborar na construção de uma casa para fazer teatro. O sonho de Roese se concretizou com a inauguração da sede própria da Sociedade Teatral Frohsinn. Para a inauguração do Teatro Frohsinn, em abril de 1896, Roese Gartner encenou a peça “Uma Ideia Maluca”, escolhida justamente pelo seu título – usado como resposta àqueles que consideravam “loucura” a ideia de construir um teatro em Blumenau.

Em 1935 a Sociedade Teatral Frohsinn lançou a pedra fundamental da construção do novo teatro, agora na Rua 15 de Novembro, Centro de Blumenau. A primeira parte das obras do teatro foi concluída em 1939, mesmo ano em que a Sociedade Teatral Frohsinn alterou definitivamente seu nome para Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes.

Com a morte do marido, assumiu os negócios da família. Roese desviveu em Blumenau no ano de 1900. Exemplo de dedicação ao teatro amador, seu papel como incentivadora é indiscutível e sua trajetória foi pautada por atitudes que a colocaram como a primeira feminista da cidade de Blumenau.

Fonte: História de Santa Catarina, vol. 2, 1970.