Sem água por dias, moradores de Brusque improvisam para necessidades básicas

Famílias e empresas têm altos custos com a compra e o transporte do líquido

Sem água por dias, moradores de Brusque improvisam para necessidades básicas

Famílias e empresas têm altos custos com a compra e o transporte do líquido

Com a frequente falta de água, moradores de vários bairros de Brusque adotaram medidas para evitar o desabastecimento durante o verão. Em alguns casos, foi preciso recorrer a familiares e amigos de áreas não afetadas ou, até mesmo, o transporte de água.

O problema fez Iracema Germano, 39 anos, recorrer a galões de água para os serviços domésticos, para beber e manter os atendimentos do salão de beleza do qual é proprietária. Bombonas de água e baldes servem de suporte para a família de quatro pessoas durante os períodos mais críticos.

A rotina da família também foi adaptada para os períodos sem água. Serviços domésticos como louça e lavagem de roupa são feitos com uma frequência menor que a habitual. Para ela, a situação é injusta com os moradores devido aos custos cobrados pelo Samae.

Na mesma época do ano de 2017, lembra, eles já haviam passado por situação semelhante e chegaram a ficar duas semanas sem água. Na época, para a limpeza da casa, a família reutilizava a água armazenada em uma piscina.

Em alguns dias, afirma, mesmo quando a água é reabastecida por volta das 5h, até as 7h30, já há interrupção do serviço e os reservatórios da casa não conseguem ser repostos. A solução, conta o marido Diogson Camargo, 35, é comprar água. Com a demanda, estima que a família gaste cerca de R$ 250 só para repor os galões de 20 litros.

Conscientização
Na família Oliveira, o problema é relatado em dois bairros diferentes. A filha Josiele, 24 anos, é moradora do Guarani e ficou sem água na última terça-feira, 18. Ela constatou o problema por volta das 18h e o serviço só foi normalizado no outro dia.

A mãe, Raquel, que também passa pelo mesmo problema no Centro, a população precisa se conscientizar e economizar. “A própria população que gasta muito, lavando calçada, enche piscina e não tem reservatório capaz de abastecer todo mundo”.

Generalizado
No loteamento Guilherme Bruns, no Dom Joaquim, a situação é constatada em diferentes pontos. A moradora Simoni de Souza relata não ter sido a primeira vez que a casa ficou cerca de quatro dias sem receber água. Desde junho, há faltas esporádicas.

Durante o problema de abastecimento da semana passada, o filho dela precisava de cuidados devido ao tratamento contra impetigo. Com o problema de pele, ele precisava tomar mais banhos ao longo do dia. Sem o serviço, a mãe precisou apelar para lenços umedecidos.

Quando a situação ficou crítica, durante o sábado e o domingo, a solução foi buscar apoio na casa da avó do menino. Apesar de morar no mesmo bairro, a residência dela não foi afetada pelo problema.

Na rua David Horst, Gorete, 38, e Juliana Roden, 27, além de Patrícia Burakoski, 29, também convivem com o problema. Juliana mora no loteamento há cerca de dois meses, enquanto Patrícia há cerca de um ano. “É algo muito difícil. Tu acorda e não água para escovar os dentes. Está um absurdo”

Embora a casa onde elas trabalham tenha recebido o reforço de mais uma caixa d’água, durante o período prolongado sem água, Juliana e Patrícia precisaram recorrer à casa de Gorete, em outro ponto do bairro.

Obra às secas
Com o problema, o construtor Roni Radavelli, 27, priorizou a instalação das caixas d’água na construção de sete casas no bairro. O serviço começou há quatro meses e os reservatórios eram uma tentativa de evitar que a obra parasse por falta de água. Apesar da tentativa, partes da obra precisaram ser feitas com material diferente, para economizar.

Ele também aproveitou a água do poço da casa dele, no Thomaz Coelho, para a obra. No bairro que mora, afirma, também houve falta de água. Em um dos pontos, o problema durou quase uma semana. O líquido foi trazido para o bairro em tonéis. Cinco pessoas atuam no empreendimento.

A situação gera preocupação ao construtor que possui outras casas de aluguel no bairro. Na semana passada, os pedidos por melhorias nos reservatórios foram recorrentes. ”Dá medo de perder os inquilinos. Alguns podem querer ir embora por não ter água”.

Alertas
O Samae tem emitido alertas quanto o baixo níveis dos mananciais responsáveis pelo abastecimento de Brusque. No início da semana, o órgão ressaltou a necessidade de economia de água devido à dificuldade de captação do recurso hídrico.

A expectativa de melhoria é com a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) na Cristalina, que está em fase de licitação.

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