A segunda morte de Odete Roitman
Você pode até preferir Nazaré Tedesco ou a Carminha de Avenida Brasil… mas, sinto muito, a maior vilã de novela brasileira de todos os tempos é – e sempre vai ser – Odete Roitman. Muito por conta da interpretação sublime de Beatriz Segall… mas muito, também, pela representação da elite mais arrogante que o Brasil consegue produzir. Aliás, Vale Tudo (1988 – 1989), enquanto espelho da nossa realidade, também pode muito bem ser considerada a melhor novela de todos os tempos.
Odete Roitman, viva ou morta, engoliu Beatriz Segall. Consta, inclusive, que a atriz detestava o fato da personagem ter definido a sua carreira. Não deve ser fácil, mesmo. Lembro, em uma entrevista antiga e que o Google nem conhece, dela contando que sofreu uma tentativa de assalto, em São Paulo… mas que o ladrão, ao olhar melhor para ela, deu um berro Odete Roitman! e saiu correndo. Isso é que é vilã.
Agora, Beatriz Segall sai de cena, definitivamente, aos 92 anos. Uma idade respeitável, mas a morte é sempre lamentável, ainda mais quando se trata de uma figura tão icônica. Ainda bem que a personagem (e todas as outras) sobrevive, mesmo que seja assassinada a cada reprise de Vale Tudo (em cartaz atualmente no Viva, para quem quiser matar saudade). R.I.P.
Outro caso de personagem que é mais conhecido do que o nome do ator que o viveu é o Major Healey em Jeannie é um Gênio (1965 – 1970). Um vilão cômico, simpático, mais oportunista do que malvado, mas sempre querendo passar a perna no “amo” Major Nelson. Bill Daily, o ator, também morreu semana passada, aos 91 anos.
A gente tende a levar vários sustos, nessas horas. O primeiro é nem saber que ele continuava vivo (vivemos “matando” atores e músicos que somem dos holofotes, não é?). O segundo é perceber quão pouco a gente conhece da carreira desses atores que ficaram marcados pelo seu personagem mais conhecido.
Barbara Eden, a Jennie (que está viva e ativa, em seus 87 anos) tuitou sobre a morte do colega. “Era maravilhoso trabalhar com Billy. Ele era um homem engraçado e doce que nos mantinha alertas. Sou muito grata por ter conhecido e trabalhado com esse “patife“. ” R.I.P.
A terceira morte marcante da semana passada foi a de um ator que não se confunde com um personagem, mas com um tipo. O “malandro”, rebelde, charmoso e cínico anti-sistema. Foram assim seus dois personagens mais emblemáticos, o Bandit de Agarra-me Se Puderes (1977) e o Jack Horner de Boogie Nights (1997). Entre muitos outros. Burt Reynolds morreu na última quinta-feira, aos 82 anos. R.I.P.
O In Memoriam da próxima temporada de premiações vai ter muita gente para mostrar.
Sobra um R.I.P. também para alguém mais próximo. James Vieira, que era técnico na rádio 104 lá nos nossos anos 80 e que foi DJ na noite brusquense, morreu no último sábado, com apenas 49 anos.