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Os primórdios do Padre Gattone em Santa Catarina – Parte I

Mais uma vez escrevo sobre Alberto Francisco Maximiliano Gattone, primeiro padre de Brusque. Este artigo, e o da próxima coluna, volta um pouco no tempo na história do Pe. Gattone, ao ano de 1860, ano em que Brusque foi fundada e também o ano em que ele emigrou da Alemanha para o Brasil, e traz […]

Mais uma vez escrevo sobre Alberto Francisco Maximiliano Gattone, primeiro padre de Brusque. Este artigo, e o da próxima coluna, volta um pouco no tempo na história do Pe. Gattone, ao ano de 1860, ano em que Brusque foi fundada e também o ano em que ele emigrou da Alemanha para o Brasil, e traz algumas contribuições históricas sobre o período que o Pe. Gattone viveu, já no Vale do Itajaí, antes de vir para Brusque.

Conhecido como Pe. Gattone, ele nasceu em 1834 em Schladen (Goslar), Alemanha. Na Diocese de Hildesheim, foi colega do padre Carlos Boegershausen que, no ano de 1857, veio para Joinville. Em 1858 Gattone foi ordenado padre em Hannover e em 1860 requereu permissão para vir ao Brasil. Emigrou para Joinville, onde foi recebido pelo Pe. Boegershausen, que logo o encaminhou para a Colônia São Pedro Apóstolo de Gaspar. A partir de então inicia a relação do Pe. Gattone com Brusque.

A história da cidade e da igreja católica de Gaspar caminham juntas. Em 1851, Gaspar possuía 365 habitantes e, pelo rio Itajaí-Açu, com canoas e lanchões, fazia-se regular comércio com Itajaí. As terras onde agora fica a cidade foram adquiridas pelo Dr. Blumenau em 1856, que as loteou, dando origem a Gaspar. A maioria dos moradores de Gaspar era católica. Sem igreja e sem padre, eles precisavam procurar recursos espirituais em Itajaí, que, em 1833, havia sido elevada à categoria de freguesia (paróquia), abrangendo o território entre os rios Camboriú e Gravatá.

Blumenau, fundada em 1850, foi colonizada principalmente por alemães luteranos. A população católica era pequena. Desprovidos de apoio espiritual, os católicos se juntaram aos de Gaspar e de Ilhota para construir a primeira igreja católica da região. O terreno para a construção da primeira capela, que ficava na margem esquerda do Itajaí, próximo à figueira na margem direita do rio Itajaí-Açu, no caminho entre Blumenau e Gaspar, foi doado pelo colono João KIocker. A capela foi construída de madeira e barro, coberta com folhas de palmeira, e parte de uma lâmina de serra grande servia de sino. Foi inaugurada na Quinta-feira Santa de 1850, e lá os católicos se reuniam aos domingos e dias santos para a leitura do Evangelho, reza e canto. Ainda em 1850, fez-se a festa do Padroeiro São Pedro Apóstolo.

Em 1857, quando a capela de Gaspar se tornara pequena e não oferecia mais condições adequadas, o Dr. Blumenau doou o terreno para a construção da segunda igreja, que foi inaugurada em 1867, na festa de São Pedro e São Paulo. Localizado no alto da colina da margem direita do rio, é o mesmo terreno onde está edificada a atual igreja matriz de Gaspar.

Conhecendo o fervor religioso dos fiéis, o Pe. Boegershausen mandou para Gaspar o Pe. Gattone, que recém havia chegado da Alemanha e a quem muito deve o Vale do Itajaí. Pe. Gattone logo tratou da criação da paróquia em Gaspar. Redigiu uma petição à Assembleia Legislativa da Província de Santa Catarina, e Frederico G. Schramm e seu filho, Bernardo, colheram 130 assinaturas de fieis apoiando a criação da paróquia. Os Schramm fizeram diversas viagens a Florianópolis, até que voltaram de lá com a lei que criava a “Freguesia (Paróquia) de São Pedro Apóstolo”. Blumenau ficava fazendo parte da paróquia de Gaspar, que tinha por limites ao Norte os da Freguesia da Penha, ao Sul os limites de Camboriú, ao Oeste o Ribeirão da Praia Grande e a Leste os ribeirões de Luiz Alves.

Padre Gattone ficou em Gaspar entre 1861 e 1867, quando foi para Brusque, onde os católicos, já numerosos, careciam de assistência religiosa.