Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Espaços de Memória: Maximilian von Schneeburg – Parte I

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Espaços de Memória: Maximilian von Schneeburg – Parte I

Rosemari Glatz

Brusque possui casas museais dignas de menção e, dentre elas, a Casa de Brusque, uma entidade sem fins lucrativos a serviço da coletividade, um espaço de memória que, além de preservar a história, abre suas portas para escolas, pesquisadores e para qualquer cidadão que tem interesse em complementar a sua formação ou simplesmente conhecer o seu rico acervo. Dentre os documentos que encontramos perfeitamente preservados na Casa de Brusque, destaco os deixados pelo Barão Maximilian von Schneeburg, primeiro diretor da Colônia Itajaí-Brusque. Homem importante que foi para nossa cidade, uma “gota de sangue” das memórias e vidas que permeiam os acervos da Casa de Brusque, dedico algumas colunas para escrever sobre o Barão von Schneeburg, nosso primeiro diretor, que administrou Brusque com honradez e especial dedicação desde a sua fundação, em 4/08/1860, até o seu afastamento da função por motivos de saúde, em abril de 1867.

Em 2018, em entrevista por e-mail, e baseado em partes do livro de Beda Weber, datado de 1845, intitulado “Meran und Seine Umgebungen, oder das Burggrafenamt von Tirol: Für Einheimische und Fremde” (Arquivo Nacional da Áustria), a partir de tradução livre do alemão gótico para o português, o pesquisador e historiador guabirubense Roque Luiz Dirschnabel, nos brindou com informações relevantes sobre a família Schneeburg. E a elas recorro para escrever esta primeira coluna sobre o Barão Maximilian von Schneeburg.

Organização e disciplina são palavras que descrevem adequadamente as suas características enquanto administrador. Maximilian von Schneeburg pertencia a uma antiga família nobre germânica detentores do título nobiliárquico de Freiherr, cuja posição na nobreza latina equivale-se à do barão. O Freiherr, com significado de Barão, pertenceu à nobreza durante o Sacro Império Romano. Na Áustria e na Alemanha este título existia até 1919 e, com a abolição da nobreza, foram legalmente eliminados do nome.

Maximilian von Schneeburg nasceu em 28/10/1799, no Castelo de Schneeburg, em Mils, Tirol, Arquiducado da Áustria, Sacro Império Romano-Germânico. Era filho do Joseph Johann von Schneeburg, casado com Bárbara Limbeck von Lilienau, e sobrinho de Johann Maximilian, que herdara o Castelo de Schneeberg. Seu pai, Joseph, morreu em combate na batalha de Taufers, em 1799, sem conviver com o seu filho Maximilian que teria sido criado sob tutela militar. Bárbara, sua mãe, se casou novamente com outro barão, Schmidl-Seeberg. Sobre a infância e juventude de Maximilian nada se sabe. Ele não teve filhos, e emigrou para o Brasil ainda jovem depois de se afastar do serviço militar.

Conforme Dirschnabel, aos 16 anos Maximilian ingressou na Academia de Engenharia de Viena, na Áustria. Após a conclusão da instrução, ele foi nomeado Cadete do Corpo de Engenheiros Militares. Em 1821, foi promovido a Subtenente no Corpo de Engenharia e transferido para Venedig, como 1º Tenente, e, logo depois, para Josefstadt, na Boêmia, onde afastou-se dos serviços por causas psicológicas.

Ao retornar foi transferido para Arad, na Hungria, onde sofreu nova crise mental. Maximilian von Schneeburg resolveu se afastar do serviço militar, sendo-lhe concedido dispensa em 1828. Perdeu a patente militar e, nessa situação, aceitou o convite da Princesa Leopoldina, da Áustria, e do imperador D. Pedro II, para integrar a cavalaria da Escola Militar em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Atuou como professor do Colégio Militar Calógeras e, finalmente, em 1856, trabalhou na Sociedade Agrícola de Petrópolis. Depois disso, aceitou o convite para instalar a colônia alemã no Vale do Itajaí-Mirim em 1860.

Continua nesta mesma coluna no dia 29 de abril de 2022.

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