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A Pirâmide de Maslow e educação em tempos de pandemia

Em tempos de isolamento social, de educação mediada por tecnologia, de salas de aula vazias e todos de olho na tela, da falta do contato físico, da troca e da experiência que só o ambiente escolar presencial possibilita, nos deparamos com crescentes inquietações de ordem psicológica, tanto entre jovens e adultos como entre as nossas […]

Em tempos de isolamento social, de educação mediada por tecnologia, de salas de aula vazias e todos de olho na tela, da falta do contato físico, da troca e da experiência que só o ambiente escolar presencial possibilita, nos deparamos com crescentes inquietações de ordem psicológica, tanto entre jovens e adultos como entre as nossas crianças. A exposição prolongada e reiterada às notícias – que, embora representem determinados aspectos da realidade atual, também tem contribuído para construir novas realidades e novos referenciais sociais relacionados ao “fique em casa” – e, somadas às mensagens alarmantes replicadas pelas mídias sociais, favorecem um possível desequilíbrio social e emocional da população, conduzindo as necessidades psicológicas para a base da “pirâmide de necessidades de Maslow”, o que é preocupante.

Muito conhecida no mundo da psicologia, a pirâmide de Maslow foi criada na década de 1940 pelo psicólogo americano Abraham Harold Maslow. Segundo a pirâmide de Maslow, as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influência, em cuja base estão as necessidades mais básicas e, no topo, estão as necessidades mais elevadas.

As necessidades fisiológicas se relacionam com a sobrevivência e com a preservação da espécie. São necessidades instintivas, que já nascem com a pessoa e são as mais importantes: necessidades de manter-se vivo, de respirar, de comer, de descansar, de beber, de dormir, ter relações sexuais, etc.

As necessidades de segurança constituem o segundo nível das necessidades humanas e vinculam-se com as necessidades de sentir-se seguro e de previsibilidade. Tem grande influência no comportamento humano. No âmbito educacional, neste momento onde não sabemos o que nos espera, a insegurança em relação ao futuro próximo têm gerado elevados índices de ansiedade e estresse e, por isso, pais e responsáveis precisam ficar atentos.

As necessidades sociais referem-se a manter relações humanas com harmonia: sentir-se parte de um grupo, receber carinho e afeto. Neste nível podemos encontrar as necessidades relacionadas ao ambiente escolar, como a necessidade de conquistar amizades, manter boas relações, ter professores gentis e empáticos, etc.

As necessidades de estima constituem o quarto nível e se divide em dois tipos: o reconhecimento das nossas capacidades por nós mesmos e o reconhecimento dos outros. É a necessidade de sentir-se digno, respeitado por si e pelos outros. Incluí as necessidades de autoestima relacionadas ao ambiente escolar, como responsabilidade pelos resultados, reconhecimento por todos, sentir-se acolhido, receber feedback, etc.

As necessidades de autorrealização, também conhecidas como necessidades de crescimento, autonomia, independência, estima, e autocontrole, representam o último nível das necessidades humanas. Incluem a realização, ser aquilo que se pode ser, fazer o que a pessoa gosta e é capaz de conseguir. Como escreveu Maslow: “um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso pretendam deixar seu coração em paz. O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o nome de autorrealização. ”

Às palavras de Maslow, acrescento as de Lúcio Anneo Sêneca, filósofo e escritor que viveu durante o império romano (4 a.C. – 65): “os progressos obtidos por meio do ensino são lentos; já os obtidos por meio de exemplos são mais imediatos e eficazes.” Que nós, professores, pais, líderes e governantes, possamos ser exemplo e guia para o progresso dos nossos estudantes. E que, de forma coletiva, possamos sair deste momento de provação fortalecidos na fé.