Olá.

Meu nome é Alex. Eu tenho 16 anos. Não sou nem muito alto, nem muito baixo; meus olhos têm cor de amêndoas, assim como meu cabelo.

Eu passei a vida toda rodeado por meus colegas e minha família. Eu ia à escola, namorava, estudava, ia a festas, etc. Uma vida completamente normal, não é?

Pois é. Era o que eu achava.

Acontece que eu me tornei um viciado há pouco menos de um ano. Esse vício foi entrando aos poucos em minha vida, lentamente, lentamente, até se tornar maior e mais forte que um tanque de guerra.  Totalmente arrasador.

Agora? Agora eu tenho que tomar uma pilha de medicamentos; agora eu tenho que frequentar um grupo de apoio; agora nada mais é como antes.

Eu culpo totalmente minha família e também minha namorada por causa disso. Eles me incentivaram a me tornar viciado!

Esperem aí, esperem aí.

Nossa. Isto está soando horrível. Parece que eu sou viciado em drogas.

Ah, não!  Você estava pensando que era isso? Nada, absolutamente nada, disso. Mil perdões! Acho que eu fui um pouco dramático.

Vou explicar:

Tudo começou quando eu fui pela primeira vez à casa da minha namorada, há 10 meses. Era uma casa enooorme. Imagino que apenas a sala dela tenha três vezes a medida da minha, lá em casa. Mas isso não vem ao caso. O caso era que ela amava ler.  E eu, detestava. Mas tudo isso mudou quando ela me obrigou a ler “O Código Da Vinci”. Ela insistiu tanto, falou que não custaria nada, que eu iria adorar, que me faria bem, etc  etc. Eu decidi aceitar somente  para agradá-la. Éramos amigos desde o jardim de infância, por mais que faziam apenas três meses que havíamos começado a namorar. Eu pensei que ela estaria se iludindo profundamente se achava que eu gostaria do livro. Mas, na realidade, o iludido fui eu.

Céus, o livro era demais! Por trás daquelas quase 500 páginas, havia uma história inteligente e misteriosa envolvida, que me prendeu do início ao fim do livro. Não há nenhuma banda de rock que mereça mais prestígio do que um autor que consegue formular todas aquelas informações e fazer você se perguntar “Como esse cara foi pensar nisso?”. Sim, é o que acontece com Dan Brown, escritor do livro. Por isso, não se sintam intimidados com aquela capa (que dá ideia de “livro complicado”). Se eu li, entendi e adorei, qualquer ser humano desse mundo pode repetir o feitio, acreditem.

Depois que eu terminei de ler o titulo em questão, minha família entrou no jogo. Meu pai, que, diga-se de passagem, é professor de literatura, tem centenas (sim, centenas mesmo) de livros no escritório de casa. Ele e minha mãe (que também é viciada em leitura), sempre tentaram me fazer ler mais, apesar de meu franco desgosto pelos livros. Mas então, quando eles souberam que eu estava pegando emprestado diversos livros da Ana, minha namorada, a pressão sobre mim triplicou e fui obrigado (novamente) a ler obras sobre política, Camões, biografias, poesias, rituais antropofágicos e até mesmo um dicionário de figuras de linguagem. E pasmem: eu os li até o final. Claro que alguns desses livros não eram nada comparados ao memorável “Código Da Vinci” (com exceção de alguns sobre politica, ritual antropofágico e até Camões, confesso), embora conseguissem saciar o meu vicio em constante crescimento.

Hoje, no auge de minha dependência (espero eu), leio no mínimo sete livros (ou 3500 páginas) por semana, escrevo sobre diversos assuntos para um jornal regional (no qual tenho coluna semanal fixa), participo de grupos de leitores e de diversos concursos literários, dos quais já fui finalista de três, etc.

Se você está se perguntando se eu faço mais alguma coisa na vida, a resposta é: sim, sem dúvidas. Ainda saio com meus amigos, mantenho os compromissos com os estudos e com os esportes que eu já praticava, curto muito minha família e minha namorada e viajo de vez em quando.  Como? Bom, sou do tipo de pessoa que acredita veemente que, quando queremos muito fazer alguma coisa, o tempo não é problema. Claro que, aliado a essa determinação, você tem que ter um planejamento e não passar o dia todo no celular.

Ler: um verbo pequeno e esquecido por muitos, mas capaz de transportar qualquer individuo para um mundo totalmente novo, com aventuras eletrizantes e perspectivas de vidas inesquecíveis.

Vale praticar e também se viciar.

 

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Gabriela Schwamberger – 17 anos