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Proprietários do Casarão Pazzini protocolaram pedido de demolição antes do incêndio

Moradores haviam deixado residência há quase quatro anos por conta da estrutura fragilizada

Um incêndio na manhã desta segunda-feira, 16, deixou um casarão de mais de 60 anos destruído no Centro de Brusque. A residência não tinha mais nenhum habitante por conta de sua estrutura já fragilizada, mas estava no catálogo de inventário do patrimônio histórico, arquitetônico e urbanístico do município.

O casarão foi construído entre 1953 e 1954 pela família Pazzini, mas os donos não moravam no local há quase quatro anos. Rogério Pazzini, de 60 anos, professor aposentado e um dos donos da residência, conta que seu irmão, o último morador, acabou deixando o local porque tinha medo que a casa cedesse, por conta do barulho que fazia em dias de chuva e vento. Ele conta que a família não conseguiu reformar o local por falta de condições financeiras.

Área estava à venda

Em acordo entre todos os herdeiros, a decisão foi colocar a construção de mais de 96 mil tijolos maciços a venda. Pazzini conta que, em reforma realizada dez anos depois da construção, a residência precisou ter sua estrutura reformada. Ela foi reforçada com partes retangulares de cimentos nas extremidades, no alto e no meio, e foi feita uma amarração com ferro porque a casa estava se abrindo.

Recentemente, por conta da estrutura já decadente, a família entrou com pedidos de demolição para a Defesa Civil, mas não conseguiu autorização do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Comupa), já que a casa estava no catálogo.

Pazzini revela que a família tinha intenção de, no próximo ano, juntar laudos da Defesa Civil e de um engenheiro para buscar na justiça a liberação para demolir o casarão.

Quando a casa está nesta classificação, pode passar por reforma, mas antes tem que ser aprovado um projeto arquitetônico dentro das exigências do Comupa para manter a estrutura dentro dos padrões. Outras reformas nestes moldes já aconteceram em Brusque. A casa que pegou fogo não tinha nenhum pedido de reforma, de acordo com Eduardo Tomazoni, presidente da Comupa, o que foi confirmado por Pazzini, já que a intenção era a demolição.

Moradores de rua passavam a noite na casa

Nestes anos em que a família não morava mais no local, Pazzini continuava visitando a casa com frequência para checar a situação. Ele conta que vizinhos informaram que moradores de rua passavam a noite dentro do local com frequência. “Eles vinham tarde da noite e saiam cedo, então não tinha como eu vir aqui para tentar impedir isso”, relata

O professor aposentado diz que, mesmo lacrando várias vezes a residência com cadeados, madeiras e correntes, chegou a encontrar velas, papel queimado e xepas de cigarro espalhados pelo chão em visitas à residência. Segundo um morador de rua que estava no porão da casa no início do incêndio, cerca de seis pessoas passavam a noite no andar de cima.

“Muitas vezes eu ia até o local, limpava o terreno, tirava o lixo, mas uma semana depois, já estava com lixo de novo. Mesmo com toda a proteção, as pessoas continuavam invadindo. Tive que entrar com policiais, por medo da reação que poderiam ter os invasores, e também realizei boletim de ocorrência por conta disso. Felizmente não aconteceu nenhuma tragédia e não morreu ninguém”, diz, aliviado.

A família agora espera os laudos da perícia do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil para encaminhar a demolição da casa. Apesar de não estar morando mais no local, Pazzini se mostrou abatido com o incêndio, até pelo valor sentimental construído nos anos que passou lá. 

“Tenho um sentimento de tristeza, ainda mais vendo a casa no estado que ela se encontra, toda queimada. Eu morei aqui por 27 anos, então do lado da casa, tínhamos um pomar, eu e meus irmãos jogávamos futebol, comíamos frutas. Por outro lado, agora vai propiciar para que a gente consiga autorização para demolição”, complementa.

Bruno da Silva

O incêndio

O incêndio, que deixou o casarão da rua Vereador Guilherme Niebuhr destruído, iniciou por volta das 11h40 de segunda-feira, 16. 

No momento do fogo, um morador de rua dormia no local. Ele relatou que ouviu um barulho, achou que era chuva, e saiu correndo quando percebeu o incêndio. Ele conseguiu sair antes do fogo se alastrar pela casa.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e atuou no controle do fogo. De acordo com eles, foram utilizados 26 mil litros de água e 200 litros de líquido gerador de espuma (LGE). Dois caminhões de combate a incêndio participaram da ocorrência, com seis bombeiros e dois agentes da Defesa Civil.

De acordo com informações do diretor da Defesa Civil de Brusque, Carlos Alexandre Reis, o que restar da casa deve ser demolido, já que a parte de trás da residência estava com a estrutura comprometida antes mesmo do incêndio.