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Preocupações escandinavas

Viajar é sempre uma maravilha, mas voltar para casa é ainda melhor! Tenho certeza de que foi muito salutar para a minha cabeça este me mergulho no saudável universo escandinavo, mesmo com o desencanto da volta, ao constatar que, pelas bandas de cá, nada de substancial havia mudado, pelo menos não para melhor. O nosso […]

Viajar é sempre uma maravilha, mas voltar para casa é ainda melhor! Tenho certeza de que foi muito salutar para a minha cabeça este me mergulho no saudável universo escandinavo, mesmo com o desencanto da volta, ao constatar que, pelas bandas de cá, nada de substancial havia mudado, pelo menos não para melhor. O nosso país continua na UTI e Brusque ainda às voltas com as sequelas das cheias de nosso rio Itajaí-Mirim. Pelas mudanças no trânsito e na infraestrutura viária em alguns pontos do Centro da cidade, podemos concluir que o poder público levará anos para devolver a ponte avariada ao trânsito normal.

Voltando a terras escandinavas, diria que os três países que compõem o bloco, Dinamarca, Noruega e Suécia, possuem um denominador comum: a população é majoritariamente loira e de olhos azuis ,professa a religião luterana e vive sob monarquias constitucionais, com um rei ou uma rainha, como reza o figurino. O rei é o chefe de estado e todos têm o maior respeito e carinho pela família real. No entanto, quem realmente governa é o primeiro ministro, nomeado pelo parlamento.

Alegam os escandinavos ser preferível sustentar uma família real, abastada per se, educada e preparada para as funções representativas, do que correr o risco de eleger um presidente toupeira, inculto, carreirista e com tendências veladas de enriquecimento ilícito. A exemplar estabilidade política escandinava deve-se, é consensual, ao poder moderador das monarquias da região.

Enquanto que nós, ao sul do Equador, ainda gastamos o nosso tempo batalhando para alcançar um nível mínimo de decência e respeitabilidade na vida pública, os escandinavos já estão em estágios mais avançados e com projetos, que para muitos de nós, parecerão coisas de novela de ficção científica.

Assim, a Suécia decidiu retirar de circulação do mercado, a curtíssimo prazo, todo o papel moeda que será substituído pelo dinheiro plástico, ou seja, cartão de crédito. Isto significa que todas as transações financeiras estarão sendo controladas pelo Estado, tornando impossível a sonegação de qualquer espécie. Tenho as minhas dúvidas quanto a aprovação destas medidas pelo nosso Congresso Nacional, caso decidíssemos enveredar por este mesmo caminho progressista dos suecos. Já agora, o meu hotel em Estocolmo já não aceitava mais pagamentos com coroas suecas, o que me desestimulou a maiores consumos no recinto, pois nego-me terminantemente a pagar uma Coca-Cola através de uma fatura bancária sujeita a correção cambial.

A Noruega, por sua vez, anda envolvida num projeto, previsto para entrar em vigor em meados de 2020. Pretendem pagar para todos os cidadãos, independente de gênero e faixa etária, a quantia mensal de 800 euros, cortando em contrapartida todos os subsídios governamentais concedidos às pessoas físicas, nas áreas da saúde, educação, transporte, etc, etc. Os noruegueses, segundo as pesquisas, o povo mais feliz do planeta, deverão manifestar-se em plesbicito sobre a matéria em meados do próximo ano.

Os finlandeses, que não são escandinavos, mas nórdicos, habitam um pequeno país constituído majoritariamente por lagos e florestas sem possuir as significativas reservas naturais que pudessem catapultar a população a um nível aceitável de abastança, resolveram conquistar o progresso por outro caminho: a educação do povo. O governo transformou o magistério numa profissão de status, prestígio, de respeito e muitíssimo bem remunerada. Para tornar-se professor, exige-se um diploma universitário, mesmo em se tratando do jardim de infância.

Os resultados não se fizeram esperar: há décadas os finlandeses pontificam nas estatísticas da Unesco como os estudantes mais bem preparados do mundo para enfrentar os desafios da contemporaneidade.

Bem que poderia e deveria ser um bom exemplo para o Brasil.