Prefeitura firmou contratos superiores a R$ 2 milhões para locação de máquinas
Locação de máquinas É impressionante a quantidade de dinheiro que a Prefeitura de Brusque tem investido em locação de máquinas, em virtude do sucateamento do maquinário da Secretaria de Obras. Desde o começo do ano, o município firmou quatro contratos para aluguel de máquinas, os quais, somados, atingem mais de R$ 2 milhões a serem […]
É impressionante a quantidade de dinheiro que a Prefeitura de Brusque tem investido em locação de máquinas, em virtude do sucateamento do maquinário da Secretaria de Obras. Desde o começo do ano, o município firmou quatro contratos para aluguel de máquinas, os quais, somados, atingem mais de R$ 2 milhões a serem pagos em um período de 12 meses. É o velho dilema entre terceirizar e fiscalizar de forma eficiente ou garantir frota própria.
Outros gastos
Aliás, a Prefeitura de Brusque também firmou nesta semana contratos para outros serviços básicos. A empresa Oppa Comércio e Serviços Especializados foi contratada, ao preço de R$ 76 mil, para fazer uma limpeza da ponte estaiada Irineu Bornhausen. Também foi firmado contrato para pintura de postes e meio fio, com a empresa Dinamika Engenharia, ao preço de R$ 209,6 mil.
A empresa contratada para tapar buracos na rodovia Ivo Silveira tem realizado o serviço, nos últimos dias, sem atentar para a adequada sinalização da via. Os funcionários apenas colocam cones no entorno da obra e, em pontos de curva, por exemplo, os motoristas são surpreendidos, e têm de frear em cima da hora para evitar acidentes. Trata-se de um caso cujas regras de segurança básicas estão sendo desrespeitadas, que merece atenção das autoridades.
Exoneração
O prefeito de Brusque, Jonas Paegle, exonerou o diretor do Procon municipal, Dantes Krieger Filho, conforme portaria publicada ontem. Não foi informado pelo governo o motivo da demissão, tampouco quem será o substituto. Nesta semana, O Município divulgou que ele está sendo investigado pelo Ministério Público por supostamente ter beneficiado um parente com aplicação de multa, enquanto diretor do Procon.
O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) recomendou ao município de Brusque que, a partir de 1º de janeiro de 2018, somente concursados exerçam funções de instrutor, arte educador e servente na Fundação Cultural. O município tem dez dias para informar se aceita a recomendação. Segundo o MP-SC, ela não é de acatamento obrigatório, mas, se não aceita, gera, como regra, o ajuizamento de ação.
O caso concreto
O inquérito civil foi instaurado para apurar a notícia de que a Fundação Cultural de Brusque estaria mantendo em seu quadro de pessoal servidores comissionados que, na realidade, estariam exercendo funções estranhas às de direção, chefia ou assessoramento, além de ter excesso de terceirizados. Constatou-se que há 13 pessoas contratadas em caráter temporário, e que a prefeitura não tem feito concurso para os cargos. Daí a recomendação de que se faça um concurso público para os cargos.
EDITORIAL
Uma ponte distante
O filme norte-americano A Bridge Too Far (Uma ponte distante) foi lançado em 1977. Ele remonta a setembro de 1944 quando, embalados pelo sucesso da invasão da Normandia, os aliados confidentemente lançam a Operação Market Garden, um plano ousado para obter um rápido final para a Segunda Guerra Mundial por meio da invasão da Alemanha e destruição das indústrias de guerra do Terceiro Reich.
No entanto, uma combinação de política nos campos de batalha, falhas de inteligência, má sorte e difíceis condições meteorológicas levaram as tropas ao desastre.
Não estamos em guerra, nem em condições tão adversas quanto as do filme, o objetivo também não é destruir pontes, muito pelo contrário, nosso desafio é construir mais pontes. Um rio corta nossa cidade e precisamos interligar cada vez mais as margens. Essa tarefa está parecendo uma operação de guerra, tão impossível quanto a missão dos aliados do filme.
Olhando em nosso histórico neste quesito, analisamos algumas referências. A ponte estaiada Irineu Bornhausen iniciou em 2002, mas parou por conta de um imbróglio jurídico que foi resolvido em março de 2003. A ponte foi concluída em abril de 2004 com 90,88 de comprimento por 14,35 de largura.
Um pouco mais recente foi a construção da ponte do Limoeiro, que, após acordo firmado em outubro de 2012 entre os prefeitos de Brusque e Itajaí, deu-se início ao projeto e foi entregue em março de 2013 com 70 metros de comprimento de 10 metros de largura. O que demorou neste caso foi o acesso, que, pela parte de Itajaí foi concluída em abril deste ano, e a parte de Brusque continua sem pavimentação.
Atualmente temos em construção a ponte que vai ligar o bairro Souza Cruz, próximo a Dom Joaquim, ao Rio Branco, com 90 metros de comprimento por oito metros de largura. A obra foi licitada em fevereiro de 2015, no governo Paulo Eccel, passou pela gestão de Roberto Prudêncio e Bóca Cunha e está agora sob a gestão de Jonas Paegle, batendo o recorde ao passar por quatro prefeitos, sem estar ainda concluída.
Brusque precisa urgente iniciar mais pontes na cidade, aliadas a um projeto inteligente de logística
E por fim, temos a discussão acerca do conserto da ponte Arthur Schlösser, que faz amanhã um mês que está interditada. A promessa do governo é de que semana que vem deve sair o edital para escolher a empresa que vai executar o serviço. Ela terá seis meses de prazo para consertar a ponte. Assim, se tudo der certo, depois de sete meses ela estará consertada. Dois meses a mais do que levou para construir a ponte inteira do Limoeiro, e mais da metade do tempo que levou para construir a ponte estaiada.
Só para comparar, o viaduto Sanyuan Bridge, em Beijing, foi desmontado e reconstruído em menos de 48 horas em 2015 e o vídeo da construção viralizou no Youtube. Esta ponte, em metragem quadrada, é muito maior do que a Arthur Schlösser, com 55,4 metros de comprimento e 44,8 m de largura, pesando 1,3 mil toneladas.
Será que somos inferiores aos chineses? Será que não existe no Brasil uma tecnologia capaz de dar celeridade às nossas construções? O problema não é este, com certeza. Tal qual o filme que falamos no início, temos que atender sempre uma combinação política e não técnica neste campo de batalha. Também temos falhas de inteligência, que modificam o projeto a toda hora.
Má sorte e difíceis condições ecológicas, jurídicas e meteorológicas por aqui culminam com enchentes levando nossa locomoção ao desastre, tal qual o arremate do filme.
E como vimos esta semana, não é o Exército que vai nos salvar deste cenário, é o governo municipal. Brusque não precisa só concluir a ponte do Rio Branco, terminar o acesso a ponte do Limoeiro e consertar a Arthur Schlösser. Precisa urgente iniciar mais pontes na cidade, aliadas a um projeto inteligente de logística. Estamos vendo que as pontes existentes estão no limite de sua capacidade e utilidade e não dá para esperar mais anos e anos por uma solução.
As pontes precisam estar perto do cidadão e garantir a sua locomoção. A ponte distante só é interessante como obra de ficção, em filme. Por aqui precisamos urgentemente trazer o projeto de novas pontes mais perto e mais rápido para tirar o nosso trânsito deste caos. Brusque não merece ficar neste martírio diário que virou o nosso trânsito.