Segundo dados divulgados pela Epagri, a saca de 60 quilos do milho chegou a R$ 71,26 em outubro e atingiu o maior valor da história. Este é o quarto mês consecutivo de alta para o grão: desde julho, quando custava R$ 49,25, a saca do milho registrou uma valorização de 44,6%. O valor da soja também subiu nos últimos quatro meses, passando de R$ 103,33 para R$ 155,78, alta de 50,8% no período.
Um dos principais fatores que acarreta o crescimento do preço dos grãos é a alta do dólar. Com a moeda americana valorizada cresce a demanda pela exportação de milho e soja. Apesar disso, a Epagri ressalta que o produtor catarinense não conseguiu se beneficiar desta alta, já que a maior parte da produção de Santa Catarina já havia sido comercializada em junho.
Os preços históricos do grão também causam consequências no mercado interno. O dólar alto faz com que a maior parte da produção nacional acabe sendo exportada, gerando um desabastecimento no mercado nacional. Com isso, produtores de proteína animal, que dependem do milho e do farelo de soja para alimentar suínos, bovinos e aves, precisam importar os insumos, aumentando o custo de sua produção.
“Com a moeda enfraquecida, nosso grão fica absolutamente barato para quem vem comprar. Além disso, esse mercado soube trabalhar com contratos futuros e está tirando proveito disso. Nos últimos anos o mercado de aves enfrentou algumas crises e a agora não teve fôlego para adquirir estoques e se preparar para esse aumento no custo dos insumos”, destacou o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), José Antônio Ribas Júnior.
Uma das propostas de Ribas para amenizar os efeitos no mercado interno seria a criação de cotas de exportação, com a cobrança de taxas para quem excedesse os limites estabelecidos.
“Precisamos proteger o mercado interno para manter a disponibilidade de alimentos e evitar uma subida desenfreada no seu valor, pois se não quem vai ter que pagar é o consumidor. O competidor de fora não pode ter vantagem e tirar as oportunidades internas. Neste caso das cotas, o governo pode compensar o produtor de grãos de outras formas, mas se continuar assim, as agroindústrias vão diminuir a produção, ou até fechar as portas, o que também afeta os empregos”, ressaltou.
Já a longo prazo, o presidente da ACAV sugere que o governo adore medidas estruturantes que auxiliem a cadeia produtiva e priorizem o abastecimento interno. “As ferrovias também têm que levar os grãos para os produtores de aves e suínos, não apenas para escoarem a produção para os portos e exportar nossos grãos”, completou.