PM prende falso policial civil em Brusque
Fabiano Cesari foi preso em casa noturna no final de semana
Fabiano Cesari, 34 anos, foi preso pela Polícia Militar por se passar por policial civil em Brusque, no domingo, 21, de madrugada. Ele foi autuado em frente à Planeta Funk, na rodovia Antônio Heil, junto com um agente lotado na Delegacia Regional de Polícia (DRP), que alega não saber da farsa.
De acordo com o tenente Matheus Perfoll, chefe do Setor de Inteligência do 18º Batalhão de Polícia Militar, alguns PMs viram Cesari vestido como policial e avisaram os colegas para fazer a prisão. Com as informações em mãos, o suspeito foi abordado no estacionamento da casa noturna, antes mesmo de entrar no estabelecimento. Não houve resistência, apesar de ele estar armado com uma pistola calibre 380. Ao lado dele estava José Eduardo Janeczko, responsável pelo setor de jogos e diversões da DRP.
O interessante é que Cesari estava à caráter. “Ele vestia uma camisa preta com a inscrição ‘polícia’, uma calça preta, colete balístico, cinto tático e coturno, além da arma”, diz o tenente. Como ele estava com uma roupa parecida com a usada pelos agentes, não houve suspeita da real ocupação de Cesari que é vigilante numa empresa de escolta armada.
Na página do Facebook dele, há várias fotos de treinamentos militares em empresas privadas de vigilância.
Segundo Perfoll, ele já tinha feito duas fiscalizações de alvará na cidade antes de ser detido. O gerente da Planeta Funk – onde foi feita a prisão – conta o que aconteceu. “Me avisaram que a PM estava do lado de fora e fui lá ver, percebi o clima tenso. Estava ele, o Eduardo e uma mulher. Ele não chegou a entrar na casa noturna, a polícia prendeu ele antes, no estacionamento”, diz Eriberto Oleao. Ele afirma conhecer Cesari somente de vista e que nunca falou com ele. “No outro dia, fui noutra casa noturna e falei com os policiais lá, ‘que negócio é esse de polícia prender polícia?’ e aí me contaram que ele não é policial. É bom que tenham prendido ele para não haver outros problemas”, explica.
A voz de prisão foi dada por porte ilegal de arma. Embora a pistola 380 que ele carregava possuísse registro, isso não dá permissão para carregá-la em outros ambientes além de sua residência. Cesari foi levado para a delegacia, onde o delegado de plantão, Juscelino Carlos Boos, o denunciou também por usurpação de função pública. Juntos, os dois crimes podem resultar em seis anos de pena. O suspeito pagou fiança de um salário mínimo e está respondendo em liberdade.
Segundo Perfoll, Cesari não estava se fingindo de policial para entrar de graça na festa – o famoso “carteiraço”. “Parece que ele tinha o sonho de ser policial civil, mas nunca foi”, afirma o tenente.
Passado
De acordo com o chefe do setor de inteligência da PM, Cesari tem um boletim de ocorrência por falsidade ideológica em Lages. A queixa foi apresentada pela ex-mulher do suspeito. “Ele se passou por policial civil por um ano e meio para a mulher dele, que era policial militar. Quando ela descobriu que era mentira, fez o boletim de ocorrência e pediu o divórcio”, diz.
Defesa
O agente Eduardo nega conhecer o vigilante sonhador. Ele afirma que estava trabalhando fazendo uma fiscalização nas casas noturnas e aconteceu uma coincidência. “Eu não o conheço, só estava perto quando a PM prendeu ele”, explica.
Ainda segundo Eduardo, só ele tem autorização para pedir alvarás ou qualquer documentação relacionada à atividade de casas noturnas em Brusque. “Que eu saiba, ele (Cesari) não estava pedindo alvarás. Só se a PM sabe de alguma coisa que eu não sei”, defende-se.
Uma sindicância interna deve ser instaurada para investigar a postura de Eduardo. A reportagem tentou contato com o delegado regional, Francisco dos Anjos, mas foi informada de que ele estava noutra cidade e não poderia ser contatado ontem para responder sobre os procedimentos da Polícia Civil neste caso.