Pedido de desculpas do Brusque é tardio, mas existiu; não é o bastante, faltam as punições
Caso de agressão a árbitro em maio passou impune; isto não pode se repetir agora
Achincalhado pela opinião pública, o Brusque foi tema de todo o noticiário esportivo desta segunda-feira, 30, pelo papelão protagonizado com a nota oficial que relativizava racismo e e durante a tarde publicou um pedido de desculpas, assinado pelo presidente Danilo Rezini. Era para ter sido este o teor da primeira nota, não de uma segunda. Pelo menos uma retratação foi feita. Mas foi pouco, e foi tarde demais.
O estrago está feito. A maior mancha na história do Brusque Futebol Clube, que vive justamente seu momento mais notável no futebol brasileiro, está espalhada e é indelével. A antipatia e a ojeriza ao quadricolor já está presente nos quatro cantos do país.
O caso não acaba aqui. Falta a responsabilização. Quem foi responsável pela primeira nota, que reiterava o racismo? Quem gritou no Augusto Bauer? Quais medidas serão tomadas? Que punição existirá? Alguém vai assumir o ato?
A nota diz que o clube “tomará todas as medidas cabíveis diante do ocorrido e vai apurar os fatos”. Que assim seja.
Em 19 de maio, quando o Brusque foi eliminado nas semifinais do Campeonato Catarinense na derrota por 1 0 para o Avaí, no Augusto Bauer, houve outro episódio lamentável. O árbitro assistente Helton Nunes foi agredido. Alguém, do banco de reservas, arremessou um copo plástico de água em sua cabeça.
Na súmula, havia sido identificado o então auxiliar-técnico, Luan Carlos Neto. Mas o clube provou, pelas imagens de transmissão, que ele estava em outro lugar, e ele foi absolvido no Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de Santa Catarina (TJD/SC). E quem agrediu Helton Nunes? Ninguém sabe. Se alguém sabe, não foi tornado público. Quem atirou o copo pediu desculpas? Foi suspenso? Não. O clube pagou multa de R$ 3 mil e ficou por isso mesmo.
Este é o desfecho que não pode ocorrer no caso de racismo. O Brusque começou pela nota, mas precisa fazer mais.
Quem vai ao Augusto Bauer nestes jogos de portões fechados mais recentes, sabe: é quase sempre a mesma coisa em todo jogo. Jogadores reservas do adversário reclamam de decisões da arbitragem; parte dos dirigentes e parças, torcedores convidados, xinga e manda calarem a boca. Os adversários, surpresos, respondem às provocações e começa o troca-troca. Desta vez, tudo culminou na autodestruição da imagem do clube.
Algo precisa ser mudado. Algum aprendizado precisa ser tirado disto. Os hábitos precisam ser repensados. Há gente demais nas partidas de portões fechados do Brusque. Muitos parças. Muitos convidados, todos credenciados e aceitos tranquilamente pela CBF. Isto quase sempre é observado nas transmissões de TV. O estádio já é pequeno, e há gente demais. Perde-se o controle.
E já passou do momento de alguns dirigentes, em dia de jogo, apresentarem um comportamento compatível com os cargos que ocupam e com o tamanho que o Brusque tomou ao longo dos anos. Um tamanho que resulta do trabalho desta diretoria, que praticou uma autossabotagem inacreditável sobre o que estava construindo.
Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município. Clique na opção preferida:
• Aproveite e inscreva-se no canal do YouTube