Paradoxo da felicidade
O avanço das estatísticas de suicídios no mundo desenvolvido levanta uma nova questão demográfica, particularmente os escandinavos. Paradoxalmente pela visão dos confortos da civilização, propiciado pela tecnologia, eles têm os melhores índices econômicos e sociais; significa ter dinheiro suficiente, boa moradia, comida, roupa, carro e lazer, além de uma vida saudável, livre de privações e com autonomia para cuidar de si próprio. Quando dependem do Estado, os serviços são de alta qualidade, como escola, saúde, infraestrutura etc.
Contraditoriamente, tem tudo isto e se enfastiam da vida! Não que todos se sentem ricos, mas há uma sensação de segurança, política, economia (empregos garantidos) desde o nascimento, assim como a saúde e outros confortos sociais. Detalhe, não são países comunistas. Diante deste contexto não há conflitos humanos, como roubos, assaltos, corrupções; respeito a integridade do outro e uma alta dose de individualismo. Como todos se respeitam, há um alto grau de segurança e confiança nos poderes constituídos. Mas então porque se suicidar, se já chegaram ao ápice da paz, da felicidade?
Segundo estudos especializados o suicídio é a primeira causa de morte não natural em vários países desenvolvidos ditos “mais felizes”. Nos Estados Unidos, são registrados por ano mais mortes por suicídios do que por acidentes de trânsito.
Observa-se que as redes familiares com fortes laços consanguíneos são as que tem maior capacidade de assimilar as frustações do mundo moderno.
O que mais chama atenção no suicídio é o paradoxo das altas taxas registradas justamente nos países considerados “mais felizes”. Identificou-se que as causas desta paradoxal relação entre felicidade e suicídio, é que a sociedade entende por “felicidade” o que está atrelada a um conjunto de aspectos de natureza material.
Baseado no chamado “índice de prosperidade” identificou-se os 10 maiores em taxas de suicídio, por ordem: Noruega, Dinamarca, Finlândia, Austrália, Nova Zelândia, Suécia, Canada, Suíça, Países Baixos e Estados Unidos.
Na profusão de estudos, se destaca: a altitude que mora o suicida; altas latitudes em relação ao equador; comparação entre o nível de felicidade do suicida e o nível de felicidade dos outros, no fundo um sentimento de fracasso numa cultura que oferece felicidade em pacotes promocionais numa sociedade disposta pagar qualquer preço por ela; competição para o sucesso…
A felicidade é paradoxal, subjetiva, surpreendente e inesperada. Para os que vivem na fé cristã, Jesus reorienta nossos modelos de felicidade e propõe uma alternativa radical. A felicidade não se encontra quando tentamos satisfazer os nossos desejos, mas numa postura aberta e voltada para fora esquecendo de nós mesmos, doando-nos aos outros. É dando que se recebe, é perdendo que se ganha, é esquecendo que se encontra. Felizes são aqueles que compartilham sua felicidade. Estes não se suicidam.