Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Seremos todos diferentes (2)

Pe. Adilson José Colombi

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Seremos todos diferentes (2)

Pe. Adilson José Colombi

Vejamos, hoje, continuando a reflexão da semana passada, outros âmbitos de possíveis mudanças em nossa vida. A vida sociocultural, olhando a Cultura atual, como um todo, penso que outros valores, necessariamente, temos que rever e encontrar outros com mais sentido e mais consistência. É impossível enumerá-los detalhadamente, aqui nesse exíguo espaço, aceno alguns. Vejamos.

Superavaliação do individual em detrimento do comunitário e social; do mercado com seu consumo quase neurótico por novidades, boa parte delas fúteis e supérfluas, em prejuízo das estritamente necessárias; o exagero no trato com animais domésticos, com gastos significativos, exorbitantes, esquecendo-se do ser humano que passa fome e sem o necessário para uma vida digna (Para evitar equívocos, mal-entendidos, não sou contra a sua presença, mas transformá-los em “membros da família”, calma aí, isso já é exagero.

Quem gostaria de “ser filho/a de uma gata”. Estou falando do animal mesmo”); a erotização de tudo, sobretudo, direcionada em grande parte para atingir as crianças, adolescentes e jovens; a idolatria com “ídolos” de pessoas fúteis, vazias de conteúdo, sem escrúpulos; a banalização da vida conjugal, trocando do parceiro como se troca peça de roupa; da vida familiar, com menosprezo da família com seus valores e virtudes domésticas, debochando até daquelas famílias que tentam a duras penas, manter um clima sadio doméstico… criando modelos exóticos de celebrações conjugais e de famílias,

Creio que merece uma atenção de destaque a superavaliação da vida virtual, relegando para planos inferiores ou com a eliminação, quase total dos encontros pessoais, das amizades efetivas. A informática trouxe benefícios enormes para a nossa vida de cada dia, ninguém duvida disso. O problema está que não fomos educados para sua introdução abrupta em nossa vida. Invadiu todo o nosso espaço vital, trazendo em seu rastro benefícios, mas, infelizmente, como tudo o que é humano tem seu lado negativo e, às vezes, maléfico. Não deixa de ser um espelho do que somos portadores de grandes dons, todavia, de possibilidade de produção de grande maldade. Temos que nos educar uns aos outros no aperfeiçoamento dos nossos dons e nos auxiliar na contenção dos nossos impulsos, ímpetos de maldades.

Na Política (com “p” maiúsculo), tanto a internacional como nacional carecem urgentemente de um novo enfoque: serviço à “Coisa Pública” ou ao bem comum. Não é mais possível aturar políticos interesseiros, desonestos, corruptos, maus gestores sem preparo adequado para a função, mal-intencionados. Isso, sobretudo, em nosso país. Temos que pensar e agilizar Partidos Políticos que reflitam esse modo de pensar e de agir em vista do bem comum. Não é mais possível aturar o exagero de salários e “penduricalhos” que lhe são pagos, em detrimento de outros setores sociais mais carentes e que servem à população, educação, saúde, participação nos valores culturais, lazer sadio… Incluo aqui também o judiciário com seus salários astronômicos e acréscimos desnecessários. Claro tem outros aspectos a considerar…

Penso que, durante, o isolamento social ou confinamento, muitos tiveram a ocasião de rever também que a vida é mais que trabalho, comer e beber, se divertir, dormir, curtir a sexualidade. O ser humano é mais do tudo isso que se bem conduzido é indispensável na vida humana. Somos mais do que um corpo carnal, corporeidade. Perceberam que há a carência no cultivo daquilo que nos distingue dos outros animais. Outros valores: interioridade, vida intelectual, liberdade, espiritualidade que geram o verdadeiro sentido e preenchem grande parte do vazio existencial. Muitos fizeram ou foram sentindo o valor deles, ao fazerem efetivamente a sua experiência, nesses dias de isolamento. É possível que vão inseri-los, em sua agenda, na sua vida pessoal e familiar.

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