Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Por que tanto ódio no mundo?

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Por que tanto ódio no mundo?

Pe. Adilson José Colombi

Uma das grandes transformações da Modernidade foi a secularização e até mesmo o secularismo. Isto é, a depuração da Cultura e do próprio comportamento cotidiano dos valores espirituais ou religiosos. Já o secularismo navega no naturalismo, no materialismo, no ateísmo. É mais radical. Gradativamente, o Ocidente foi depurando sua Cultura greco-latina e cristã, dos valores, sobretudo, cristãos. A laicização dos costumes e até o laicismo foram, pouco a pouco, se instalando na Sociedade e na Cultura modernas. Tudo isso, acentua-se na Contemporaneidade e mais ainda nos tempos da Pós-Modernidade.

Entre os valores cristãos que mais sofreram transformação, foi, justamente, sua “marca distintiva” do Cristianismo: o perdão. O perdão é o “cerne” do Cristianismo. É sua “marca registrada” o que o diferencia de todos os outros Credos. O perdão foi visto e tido, pela Modernidade, como não condizente com as novas ideias. Principalmente, com as ideologias que fecham qualquer abertura para a Transcendência ou aos valores espirituais e têm, como meio de relações socioculturais, o conflito, a luta de classe. O interlocutor é visto como rival, como inimigo que tem que ser sufocado, subjugado e até destruído. Não há campo para um autêntico diálogo, para um sincero amor fraterno.

Por isso que o Papa Francisco, com frequência, retoma a reflexão a respeito do perdão. Ele conhece muito bem a realidade sociocultural atual, herdada da Modernidade. Também não é à toa que lembra, frequentemente, a necessidade do diálogo e da compreensão mútua nos relacionamentos socioculturais. Trago para a reflexão a última fala, no “programa da rede de TV estatal italiana RAI3, que teve um pico de audiência de 8,75 milhões de espectadores, Che Tempo Che Fa costuma transmitir entrevistas ao vivo com políticos, celebridades, artistas e atletas”.

Respondendo se há alguém que não merece o perdão e a misericórdia de Deus ou o perdão dos homens, o papa respondeu: “Isso é algo que pode chocar alguns: a capacidade de ser perdoado é um direito humano”.

E acrescentou: “Deus nos fez livres, somos senhores de nossas decisões e também de tomar decisões erradas”, disse Francisco. “Todos nós temos o direito de ser perdoados se pedirmos perdão. É um direito que vem da própria natureza de Deus e que foi dado como herança aos homens. Esquecemos que quem pede perdão tem o direito de ser perdoado”.

Hoje, fala-se, escreve-se, com frequência e insistência, a respeito dos Direitos Humanos. Não me lembra de ter lido algo a respeito do direito ao perdão. Ainda bem que temos um papa, que sempre lutou e luta por todos os direitos humanos, para nos chamar a atenção para esse direito fundamental do ser humano: o perdão.

Não seria a falta de um autêntico perdão a raiz de tanto rancor e ódio no mundo?

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