Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Os verdadeiros revolucionários

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Os verdadeiros revolucionários

Pe. Adilson José Colombi

Revolução é palavra (termo) que procede de o verbo revolver. Talvez uma imagem aproximativa que pode nos auxiliar em sua compreensão é a do arado revolvendo a terra. O lavrador que lavra a terra entende bem isso. O arado revolve a terra que está lá embaixo e a coloca por cima. A realidade que estava encoberta (embaixo) vem para cima (aparece). Aplicando essa ideia na realidade sociocultural, temos, então, a revolução sociocultural. Esse movimento não vai revolver a terra, mas o tecido sociocultural. Em outras palavras, haverá uma mudança radical da realidade sociocultural, isto é, transformação radical da Sociedade e da Cultura.

A revolução poderá ser construtiva ou destrutiva. Do que depende tal fato? Do conjunto de valores que a concebe, a planeja e a executa. Trata-se, portanto, de uma ação política, fundada em uma Ética. São os valores que constituem o embasamento construtivo ou destrutivo do denominado progresso e do desenvolvimento socioculturais. Costumo levar em conta a seguinte distinção entre ambos. Para mim, o progresso (progressio, gressus em latim), dá a ideia de subir degraus, (como quando se sobe uma escadaria) dá ideia de quantidade, de soma. Números. Desenvolvimento não é somente progresso (quantidade), muito mais, porém, qualidade de vida. É um salto para mais bem-estar com qualidade de vida, não, apenas, um somatório de recursos quantificáveis.

O Papa Francisco, em sua reflexão do Dia de Todos os Santos e Santas (na Europa, esta Festa continua sendo celebrada em 1º de novembro, aqui, no Brasil, 1º domingo de novembro), afirmou que “Os santos são os verdadeiros revolucionários”. Sua fala está alicerçada na passagem do Evangelho que Jesus proclama a sua Carta Magna de sua Proposta Política: O Sermão da Montanha: as Bem-aventuranças (Mt 5,1-12a). “O Evangelho de hoje desmente a versão estereotipada dos santos”, disse o papa. “As bem-aventuranças de Jesus, que são a carteira de identidade dos santos, mostram totalmente o contrário: falam de uma vida contracorrente, de uma vida revolucionária”.

Ao falar da bem-aventurança lida no Evangelho, o Papa Francisco disse que isso não significa “estar em paz”, mas que Jesus se refere àqueles que “trabalham para construir a paz. ” Segundo o Papa Francisco, “a paz tem que ser construída e, como qualquer construção, ela requer compromisso, colaboração, paciência”, disse o papa.

Francisco disse que “a Bíblia fala de “’semente da paz’, porque ela germina do solo da vida, da semente do nosso coração; cresce em silêncio, dia após dia, através de obras de justiça e obras de misericórdia, como nos mostram as testemunhas luminosas que hoje festejamos” “Somos levados a acreditar que a paz vem com a força e o poder: para Jesus é o oposto. Sua vida e a dos santos nos dizem que a semente da paz, para crescer e dar frutos, deve primeiro morrer. A paz não é alcançada conquistando ou derrotando alguém, nunca é violenta, nunca está armada”.

Portanto, paz é presença de Jesus Cristo. Nós o tornamos presente pelo nosso estilo de vida. Os santos e santas nos testemunham essa realidade. Por isso são os verdadeiros revolucionários. Estão faltando esses revolucionários/as nos nossos tempos.

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