Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

O novo ser humano

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

O novo ser humano

Pe. Adilson José Colombi

O ser humano não é um ser estático, pronto, acabado como muitos o conceberam. Inclusive, ao longo da História, foi considerado, desta forma, por muitas Antropologias, incluindo a cristã, na dimensão temporal, histórica. Essa visão, porém, foi paulatinamente sendo alterada, a partir do final da Idade Média, sobretudo, pela Renascença e o Humanismo do século XVI. Mais ainda, com a descoberta do Método Científico por Francis Bacon e Galileu Galilei. Método que se tornou o artífice da Ciência e da Técnica Modernas.

Toda essa reflexão filosófico-teológica traz o nascimento de nova humanidade com uma visão diferente de Sociedade e de Cultura. Principalmente, graças à nova concepção de História. Claro que essa nova perspectiva histórica faz uma longa trajetória, dentro da Modernidade, até chegar, de fato, ao estágio do século XX, inclusive abrindo a perspectiva da historicidade única de cada existência humana concreta. Toda essa reflexão contribui para surgir uma nova Antropologia, abrindo janelas para a compreensão nova do ser humano e de suas dimensões fundamentais, como um ser dinâmico, inacabado, constantemente tentando se fazer, aperfeiçoar suas capacidades, a fim de se integrar sempre mais ao meio ambiente que o cerca.

Deixemos as outras Antropologias e, ainda que brevemente, vejamos o que a Antropologia Cristã nos diz a respeito. O Concílio Vaticano II, principalmente, no documento Gaudium et Spes (Alegria e Esperança), faz uma bela síntese da nova perspectiva filosófico-teológica, inserindo o ser humano, no mundo, como construtor da História, em parceria com Deus. Tem como paradigma o Cristo, homem e Filho de Deus, o Verbo-Logos, modelo do ser humano novo. A vida em Cristo é ser mais. A vida em Cristo é a garantia do ser humano de participação na construção da História da Humanidade e da Igreja. Nada de estático, pelo contrário é constante dinamicidade.

Na verdade, ao longo dos séculos, a Antropologia Cristã havia perdido a dimensão de dinamicidade da vida cristã. De fato, desde o Batismo há um “nova Criação”, como semente que tem que ser cuidada, alimentada e desenvolvida. Portanto, dinamicidade. Trata-se da redescoberta dessa “nova” visão do ser humano. Só que, agora, numa perspectiva histórica, segundo a nova perspectiva histórica. A descoberta da nova criação torna-se condição da promoção desse “novo humanismo”, que na teologia da Igreja não é novo, mas que é “novo”, em sentido temporal, histórico numa Sociedade e numa Cultura em constante mudança. Com efeito, estamos vivendo, não apenas, com mudanças pontuais, mas vivendo uma mudança de época. Por isso, a novidade está na Sociedade e na Cultura, no Cristianismo a novidade é permanente. O Evangelho é sempre novo, em todos os ambientes.

A diferença da Antropologia Cristã das demais, está em sua perspectiva histórica de Eternidade, sem perder o apoio firme de seus pés, no chão do mundo, participando intensamente na construção da História da Sociedade e da Cultura. Desta forma, constrói a si mesmo, auxilia a construção dos semelhantes, enquanto constrói a Igreja, tendo Cristo como Caminho, Verdade e Vida. O diferencial do batizado (o cristão/ã) é a esperança que fecunda o presente e impulsiona a viver na perspectiva de Eternidade.

Por isso que o Cristianismo não é uma ideologia porque não realizável como é a ideologia, mas realizável totalmente. Claro que não nesse tempo presente, mas na Eternidade, na Casa do Pai, como Jesus prometeu. E, não só prometeu, mas de fato, conquistou para nós. Porque fomos resgatados, comprados a preço de seu sangue e pela sua doação e entrega totais ao Pai.

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