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Novo estilo de vida

No artigo anterior, neste espaço jornalístico, referi-me as grandes transformações operadas pela crítica aos “dogmas modernos”: Ciência e Técnica, Liberalismo, Individualismo, Otimismo no futuro. O racional era o “postulado” máximo a considerar. Vai se formando, assim, o modo de pensar e de agir que se denominou de Pós-Modernidade. Já a Pós-Modernidade valoriza o emocional. O […]

No artigo anterior, neste espaço jornalístico, referi-me as grandes transformações operadas pela crítica aos “dogmas modernos”: Ciência e Técnica, Liberalismo, Individualismo, Otimismo no futuro. O racional era o “postulado” máximo a considerar. Vai se formando, assim, o modo de pensar e de agir que se denominou de Pós-Modernidade. Já a Pós-Modernidade valoriza o emocional.

O futuro não é descartado totalmente, mas se valoriza o presente, o imediato, o efêmero. Busca-se a novidade, sempre mais. Aquele otimismo iluminista na capacidade racional do ser humano, diante da realidade construída sob seus cuidados, não foi a esperada e prometida.

Os grandes movimentos, principalmente, dos mais jovens, nas décadas de 60, 70 e 80 (em parte), eram as “causas”: o desejo de mudança das “estruturas” da Sociedade e da Cultura que motivavam as grandes manifestações públicas. Eram as utopias que preconizavam transformações futuras, em vista da construção da Sociedade e da Cultura com novas bases, novos valores.

A partir daí, foi se gestando o modo de pensar e de agir que vai desabrochar, no século 21, com uma mudança de comportamento sociocultural, chegando a se afirmar a “morte das utopias”. Nasce, assim, o que escrevi, acima, a grande transformação de postura diante do tempo: a valorização do presente, em detrimento do futuro. O acento no emocional em lugar do racional

Essa mudança é confirmada com as motivações das grandes manifestações públicas. Não se fazem mais para promover as “grandes causas”, grandes projetos de transformação sociocultural, mas para contemplar realidades pontuais, tais como reduzir passagens de ônibus, a defesa do “casamento” de homossexuais, posições homofóbicas ou racistas, impeachment de algum político, … Realidades do cotidiano, do presente, imediatas.

Nesse tempo, houve também um esmorecimento e até afastamento da participação política, sobretudo, dos mais jovens. Com o desmoronamento do Muro de Berlim, “desmoronaram” também muitos “ideais” socialistas-marxistas, que eram as grandes alavancas das manifestações públicas de sindicatos, estudantes, de Partidos Políticos. Esses perderam sempre mais atrativo, perda de credibilidade e de membros, até chegar a um completo esfacelamento, sobretudo, na Europa e aqui entre nós também.

Hoje, a revolução da informática, sobretudo, pelas redes sociais encurtou as distâncias espaciais e temporais. Tudo se tornou “próximo”. Assim, cada um/a pode ficar, em sua casa, e entrar em contato virtual com quem ele/ela quiser praticamente, em qualquer momento. Fazer suas compras online, pagar suas taxas e seus impostos, dar cumprimentos…

Quase tudo pode ser feito, a partir de seu espaço particular (sua casa, seu espaço privado). Num já, se quiser promove um encontro coletivo, com outros conectados e forma-se um agrupamento de festa, de recreação, de esporte, de canto, de comemoração de algo, eventualmente também de protesto a favor ou contra algum “fato” recente…

É o “indivíduo” formando um “coletivo” para satisfazer com outros “indivíduos” seus sentimentos, seus desejos, suas emoções, suas vontades. Tudo sem muito comprometimento com os demais. Terminada a satisfação do que procurava e buscou, volta para seu espaço individual ou familiar, continuando sua vida de “indivíduo” com seu mundo. Pouco ou quase nada tem a ver com o mundo dos demais. A relação indivíduo e sociedade ou indivíduo e cultura, agora é de outro naipe. Por isso, os frequentes desencontros e conflitos.