Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Já refletiu sobre isso?

Pe. Adilson José Colombi

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Já refletiu sobre isso?

Pe. Adilson José Colombi

Com frequência, escuta-se a afirmações semelhantes a essas: “como pausou rápida essa palestra”; “Meus Deus, essa aula não acaba mais”; “nossa! Esse jogo passou rápido”; “meus filhos já são adolescentes e eu nem percebi eles crescerem! ”… E assim, por diante. Muitos ainda pensam que é o tempo “que passa”. Será assim mesmo? Sem dúvida, não. A realidade é bem outra. Como pode se entender isso?

Não é bem o tempo “que passa por nós, mas somos nós que passamos pelo tempo”. O ser humano, de certa forma, sempre se interessou pelo tempo. Ao longo da História, foi criando instrumentos de medição do tempo. Nasceram, então, os múltiplos instrumentos para medir ou registrar o tempo. Será possível medi-lo, como se medem outras realidades que fazem parte do nosso dia a dia?

A resposta a essa indagação não se tão simples de dar uma resposta satisfatória. Não basta olhar para um relógio e dizer ao interlocutor: tenha um instrumento semelhante a esse e terá a possibilidade sempre de verificar o seu tempo disponível. Basta essa resposta? Certamente não! Porque não é possível “medir” como se medem outras realidades. Talvez com um simples exemplo ou comparação podemos compreender a complexidade de se dar uma resposta satisfatória a essa questão.

Vejamos. Tomemos um exemplo, bastante corriqueiro: você está num bate papo gostoso e confortável com uma pessoa amiga. Pode ser que tudo isso “demorou” duas horas. Ao término das duas pessoas podem dizer: “como passou rápido, nem notei o tempo passar; pareceu que foram apenas, dez minutos. ” Em outra ocasião, estão participando de aula/conferência que durou, somente, uma hora. As duas pessoas podem dizer: “Pelo amor de Deus, essa aula não terminava mais, pareceu uma eternidade”.

Vejam, o tempo medido pelo relógio, no seu relógio marcou, apenas, a metade do tempo do bate papo aprazível. Então, o que houve de diferente? É que não há somente o tempo objetivo, do tic tac de um relógio, medido por segundos, minutos, horas e dias. É o tempo quantitativo, calculado pela Ciência. O tempo do calendário. Há, também, o tempo subjetivo. É o tempo da “duração” (la durée). É o tempo qualitativo, não mensurável por instrumentos.

Quem estudou isso muito bem foi o filósofo francês Henri Bergson (1859- 1941). Esse filósofo fez a distinção bem precisa entre o tempo objetivo (matemático, do cronômetro, relógio) e o tempo subjetivo. Esse, segundo ele, depende dos “estados emocionais interiores”. Em outras palavras depende de cada ser humano. Do que está acontecendo no seu interior, na sua interioridade, no seu estado de ânimo, dos sentimentos e emoções que afetam o ser humano, no momento que está vivenciando. Cada um vive o tempo na medida de sua interioridade que é estritamente pessoal.

Por isso, não é o “tempo” que passa por nós. Mas, somos nós que “passamos” pelo tempo. Daí, a importância e a necessidade de cuidar, sempre mais, dos nossos “estados emocionais interiores” para podermos “curtir” com mais profundidade do tempo que temos a nossa dispo\sição em “nossa duração”, nesse mundo, antes de entrar, no “tempo da Eternidade”.

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