Espiritualidade sem Deus
A Modernidade trouxe uma realidade que sempre, provavelmente existiu, mas que não era explicitada com as características de hoje. Quando se fala em Modernidade, trata-se do período da Renascença e do Humanismo renascentista do século XVI até, praticamente, o final do Século XIX, quando temos, então, os tempos contemporâneos que vão desembocar na denominada, hoje, […]
A Modernidade trouxe uma realidade que sempre, provavelmente existiu, mas que não era explicitada com as características de hoje. Quando se fala em Modernidade, trata-se do período da Renascença e do Humanismo renascentista do século XVI até, praticamente, o final do Século XIX, quando temos, então, os tempos contemporâneos que vão desembocar na denominada, hoje, Pós-Modernidade. Claro que tem outras maneiras de ver esses períodos até com denominações diferentes. Mas, fiquemos com essa.
O ser humano contemporâneo e pós-moderno que foi moldado intelectualmente, de maneira profunda, pelo Racionalismo Iluminista, pelo Cientificismo e pelo Materialismo ateu, entre muitas características, há também, em um número razoável de pessoas, a vivência de uma Espiritualidade sem Deus. Para a formação dessa mentalidade muito contribuíram o Iluminismo, com a sua supervalorização da razão humana e o Empirismo Inglês, com sua postura diante da verdade: só é verdade o que se pode provar pela razão humana, via método científico.
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Entre muitos pensadores, gostaria de considerar as reflexões de Karl Marx (1818-83) e Sigmund Freud (1856-1939). Ambos se ocuparam com a presença da religião, na vida pessoal e na sociedade. Externaram duas posições que foram assumidas por muitos. Ambos viram na religião como algo pernicioso para o ser humano. Karl Marx baseado, no pensamento de Ludwig Feuerbach (1804-1872) (Materialismo radical) e de Hegel (1770-1831) (com sua intuição básica da “alienação”), acredita que a religião é, apenas, uma maneira tolerável de viver a condição humana. Ela aliena o ser humano da realidade sociocultural e o insere num mundo irreal, tirando de si mesmo o que é seu, para entregar para um ser fantástico, que lhe rouba a liberdade e o mantém na pobreza e na miséria.
Já Freud, seguindo praticamente o mesmo esquema mental, vê a religião como uma expressão da imaturidade do ser humano. Em última análise é uma “doença” que infantiliza o ser humano e que mascara uma série de distúrbios psicológicos. Portanto, criando mais problemas do que “remédio” para o ser humano. Por isso, para conseguir uma autêntica liberdade é preciso se livrar de todas as amarras da Região e também da Moral baseada na fé. Isso é possível por meio do seu método psicanalítico: a Psicanálise.
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Marx e Freud, mais a grande maioria de pensadores, que seguem a perspectiva iluminista veem e afirmam que crença numa divindade ou a fé em Deus é pura fantasia subjetiva, sem fundamento algum “na realidade”. Por isso, o que existe de fato é o ser humano. A verdadeira religião é aquela que presta o culto ao próprio ser humano. O ser humano é que tem que ser venerado e cultuado. Estamos dentro de uma visão estritamente de um humanismo total, sem qualquer abertura para a Transcendência. Na completa horizontalidade, no humano puramente humano e nada mais, abrindo espaço para a concepção humanista de uma espiritualidade sem Deus. Cada ser humano é livre, em sua subjetividade, de criar seu modo próprio modo de se cultuar ou de cultuar o “humano”. Tudo é resolvido no horizonte humano e da Humanidade.
O ser humano atual tende a julgar que se basta a si mesmo, quanto muito, aceita o auxílio de seu semelhante. Mas, se não em teoria, mas, na prática, dispensa completamente a presença e atuação de um Deus pessoal. Vê Deus como uma realidade supérflua, perfeitamente dispensável. É capaz até de criar uma espiritualidade sem Deus.