Ciência, Covid-19, CPMI e política
Quatro palavras que encobrem quatro realidades bem presentes e atuantes no mundo inteiro. Com nuances diferentes, mas estão aí, na prática e na mídia em geral. Realidades que são diversas uma da outra, mas que se conjugaram, no momento histórico atípico que estamos vivendo. Aqui, em nosso país estão bem atuantes. No momento, mais visível e atuante é a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito). Em certos momentos, tornam-se protagonistas da situação. Quase sempre gerando tensão e conflitos. Boa parte das vezes porque saem de seus limites de atuação e invadem campos alheios.
Vejamos. Na minha humilde observação, percebo que, por exemplo, para alguns senadores e deputados, atuantes na CPMI e outros, a Ciência deixou de ser “dinâmica” e dão a impressão que acreditam numa “Ciência Estática”, capaz de “definir” de maneira cabal e definitiva uma constatação científica. Como se a Ciência pudesse afirmar algo “é assim e ponto final”. Uma “verdade absoluta”. Aliás, é um posicionamento, pode-se dizer, “bem brasileiro”. Tive a oportunidade de constatar tal atitude diante da Ciência quando lecionava a disciplina Filosofia da Ciência. Penso que seja resultado da nossa educação em nossas escolas. Ainda estão com uma visão da Ciência do século XIX e início do século XX.
Esses políticos e alguns da mídia aproveitam o momento da Covid-19 para também tentar dizer, uns de maneira sutil, outros de modo mais aberto o que é “cientificamente correto”, como já se fez em outras instâncias da vida sociocultural. Por exemplo, na linguagem, a “linguagem politicamente correta”, “o politicamente correto”, etc…. Como se existisse um “Ciência aceitável, boa” e outra “não aceitável ou má” politicamente. Segundo os ditames de uma postura ideológica. Há também alguns ditos pesquisadores da Ciência que embarcaram, nesse barco ideológico, comprometendo certamente seus possíveis resultados de suas pesquisas. Penso que não seja o melhor caminho a seguir, tanto na política e menos ainda na pesquisa científica.
Infelizmente, dá impressão que a política se tornou a protagonista, em quase todos os países, a detentora do poder de mando em todos os âmbitos da detecção, do alastramento, da contenção, da prevenção, do tratamento, das variantes… da Covid-19. Claro que sempre de parceria com o poder econômico, dentro do pais ou em nível de política mundial. Povos pobres sobraram, como sempre. Países ricos se apoderam, com rapidez, dos possíveis recursos disponíveis no momento mais adequados para enfrentar a pandemia.
Em nosso país, não foi diferente. Mas, com “lances” típicos da nossa já conhecida “política” (pequena, miúda) “dos auxílios que não chegam ou são desviados ou vão para o ralo ou para os bolsos e partidos, com maquiagem política”. Tudo “aparentemente legal, correto”.
Nesse tempo de “propaganda política para as eleições de 2022” (proibida pela legislação eleitoral, mas…), alguns políticos conseguiram aprovar uma CPMI, neste ano. Nela, Ciência, Covid-19, Política tudo é colocado a serviço não do país, menos ainda do povo, da medicina, da pessoa humana, do bem comum…. Quase nada disso é contemplado, de fato e de verdade. Visa-se maior visibilidade na mídia e passar a imagem de um “defensor do povo”, da “boa Ciência”, até dos que os médicos podem prescrever como medicação. São os senhores do pedaço. Em alguns, momentos e situações até com suporte da justiça.