Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Campanha da Fraternidade 2023

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Campanha da Fraternidade 2023

Pe. Adilson José Colombi

A Campanha da Fraternidade (CF) é a maneira da Igreja Católica, que está no Brasil, de celebrar e viver o tempo litúrgico da Quaresma. Claro que não esgota a temática quaresmal. É para ser mais um instrumento para celebrar e de viver esse tempo forte da Quaresma. Como, normalmente, faz apelo a mudança de algum comportamento pessoal ou social que não esteja de acordo com a Proposta de Jesus, a Boa Nova do Reino de Deus, auxilia na conversão. Portanto, a mudança de vida que é o grande apelo a todos do tempo quaresmal, em preparação a Festa da Páscoa.

Por isso, a Igreja, em cada ano, escolhe uma temática própria para, justamente, como um convite, em nível pessoal, eclesial, comunitário e social auxiliar na transformação da realidade pessoal ou sociocultural. É uma maneira de motivar pessoas, comunidade e a própria sociedade a se empenhar em transformar o que for possível mudar para auxiliar na construção do bem comum. Pretende, então, propor gestos, atitudes, atividades que proporcionem uma possível melhora do ambiente sociocultural. Consequentemente, a construção de um ambiente mais justo, solidário, fraterno, onde todos podem sentir-se mais irmãos e irmãs. Por isso denomina-se Campanha da Fraternidade. Fraternidade, (do latim, frater = irmão), portanto, Campanha de proposição de como ser irmão/irmã, à luz da Proposta da Boa Nova do Reino.

Neste ano, a proposta tem como tema “Fraternidade e Fome”. “Somos todos convidados a considerar a fome como referência para nossa reflexão e nosso propósito de conversão. Temos, sem dúvida, forme de Deus. Desejamos estar com Ele e poder participar de seu amor e de sua misericórdia. Temos fome de paz, fraternidade, verdade, concórdia e tudo mais que efetivamente nos humaniza. Durante o tempo da pandemia, no qual, por medidas sanitárias que buscavam nos preservar, não pudemos ir às igrejas para comungar, sentimos fome do Pão do Céu”.

Sabemos que a fome é um ato de preservação. De todo ser vivente. Do vegetal ao humano. É um sinal de alerta quanto o organismo sente necessidade de alimento para viver. No âmbito humano, por vezes, o alimento não é disponível para todos, por causa de medidas ou comportamentos impedem o acesso a ele. Desta forma, a fome é também um desfio sociocultural, humanitário, uma situação que não se pode deixar de enfrentar, pois a fome de uma única pessoa onera a todos nós, a toda a sociedade. Cada ser humano que não encontra o necessário para viver, dignamente sua vida humana, é em si um questionamento ao rumo que estamos dando à nossa sociedade.

A fome é uma chaga mundial. Está presente em todos os ambientes socioculturais. Dos mais avançados até os menos. Sempre é, em grande parte, originária do próprio comportamento humano do que de outras causas. Quase sempre é fruto de tendências bem conhecidas na convivência humana. São frutos, em grande escala, da ganância, da injustiça, da gula, do egoísmo, da falta de partilha, do espírito de acúmulo, do luxo… enfim da insensibilidade para com as necessidades do outro e do egoísmo. Portanto, da carência da fraternidade e da solidariedade.

A Campanha da Fraternidade, como todas já realizadas, pretende motivar para superar, senão de maneira cabal essa situação desumana, tentar auxiliar em motivar as pessoas, as comunidades cristãs e a própria Sociedade como um todo a refletir, a atuar efetivamente sobre essa realidade sociocultural desumana e motivar para modificar o que for possível transformar, sempre à luz da Palavra de Deus.

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