Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

“A Igreja é mulher”

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

“A Igreja é mulher”

Pe. Adilson José Colombi

O Papa Francisco fez uma visita ao Canadá (24-29/07/22). Ele denominou–a como uma “visita penitencial”. De fato, ao longo da semana que lá passou, várias vezes pediu perdão pelos possíveis erros humanos cometidos por católicos/as, no seu modo de evangelizar, sobretudo, em relação aos povos e culturas indígenas daquela região do Continente Americano.

No voo de volta ao Vaticano, o Papa Francisco deu uma entrevista coletiva (Vaticano, 01 ago. 22 (ACI)) em italiano aos jornalistas que o acompanharam em sua viagem apostólica ao Canadá. O Papa, com tranquilidade e cordialidade, foi respondendo todas as perguntas que os jornalistas iam lhe apresentando. Abordou com serenidade a todas as questões feitas a respeito da vida da Igreja e também aquelas referentes à função e à pessoa dele. Como por exemplo se já teria pensado em renunciar. Ele respondeu: “A porta está aberta! Trata-se de uma escolha normal. Mas, até hoje, ainda não bati a esta porta, para passar para outra sala. Nunca pensei nesta possibilidade. ”

E, acrescentou, “Porém, isso não significa que eu não possa começar a pensar nisso depois de amanhã, não? Todavia, sinceramente, neste momento não penso. Esta minha viagem foi uma espécie de teste… Claro, não se pode viajar neste estado. Talvez seja preciso mudar um pouco o modo, diminuir um pouco as atividades, pagar as dívidas das viagens, que ainda não foram feitas, reorganizar… Contudo, caberá ao Senhor dizer o que devo fazer. A porta está aberta, é verdade”.

Antes de encerrar a entrevista coletiva, o Papa Francisco confiou-lhes uma reflexão que lhe é muito cara: “Agora, antes de me despedir de vocês, queria falar uma coisa, que é muito importante para mim: a minha viagem ao Canadá foi muito relacionada à figura de Santa Ana. Falei algumas coisas sobre as mulheres, mas, sobretudo, sobre os idosos, as mães e as avós. Mas, deixei claro que ‘a fé deve ser transmitida em dialeto e o dialeto, um dialeto maternal, o usado pelas avós’.”

Prosseguiu em sua reflexão: “Nós recebemos a fé da forma dialetal feminina; é muito importante o papel das mulheres na transmissão da fé e no desenvolvimento da fé. Foram nossas mães ou avós que nos ensinaram a rezar; foram elas que nos transmitiram as primeiras noções sobre a fé, que uma criança não entende. Por isso, digo que esta transmissão dialetal da fé é feminina. Alguém poderia replicar: mas, teologicamente, como se pode explicar isso? Eu poderia responder dizendo que ‘quem transmite a fé é a Igreja e a Igreja é mulher, é esposa, não é masculina… a Igreja é mulher. Devemos entrar nesta ótica de pensamento de uma Igreja mulher, uma Igreja mãe, mais importante do que qualquer fantasia ministerial machista ou dominada por qualquer poder machista. A Igreja é materna. Eis a maternidade da Igreja, segundo a figura da Mãe do Senhor. Por isso, é importante ressaltar a importância do dialeto materno na transmissão da fé.”

Finalizou, dizendo: “Descobri isso, por exemplo, ao ler o martírio dos irmãos Macabeus: por duas ou três vezes, dizem que sua mãe lhes dava coragem com o dialeto materno. Logo, a fé deve ser transmitida em dialeto, um dialeto falado pelas mulheres. Eis a grande alegria da Igreja, porque a Igreja é mulher, a Igreja é esposa. Quis deixar claro isso pensando em Santa Ana. Obrigado, pela paciência de vocês. Obrigado pela atenção. Descansem e boa viagem”.

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