Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

A esperança é o diferencial cristão

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

A esperança é o diferencial cristão

Pe. Adilson José Colombi

A Modernidade, como sabemos, atacou violentamente a Teologia cristã. Tentou de muitas maneiras mostrar o caráter alienante de seu pensamento e prática. O Iluminismo com o endeusamento da racionalidade humana, fez do ser humano não só descobridor das leis naturais, mas o transformador e até criador do mundo.

Quem fez isso com maior desenvoltura e sucesso foi e é a ideologia marxista. Por outro lado, porém, apoderou-se da visão de esperança, quase esquecida e malconduzida pela teologia cristã, mas dando-lhe um conteúdo diverso. Sim, na Teologia, trata-se da escatologia, isto é, a perspectiva da eternidade. Para a ideologia marxista, a esperança está na construção deste mundo. E ponto final. O ser humano, via Ciência e Técnica a serviço do trabalho, vai gradativamente construindo um mundo novo e uma coletividade nova, sem os entraves de uma religião, principalmente, a cristã.

Então, se impõe, pouco a pouco, a distinção entre antigo/tradicional e moderno. Moderno é a novidade, o antigo é o atraso. Moderno é o produzido pela Ciência e a Técnica, a nova concepção da Sociedade. Moderno é pensar e agir tendo consciência que o ser humano é capaz de construir-se a si mesmo e que o mundo não é Criação de um Deus, mas obra da ação humana. É crer que o ser humano é capaz de conquistar sua própria libertação. A libertação não vem de Deus, mas construção do ser humano, sobretudo, pela coletividade. Não se nega necessariamente a existência de Deus, mas sua ação no mundo não conta nada, porque o ser humano pode dispensá-lo, sem prejuízo algum.

Essa pregação dos ideais da Modernidade foi, progressivamente, minando a cristandade presente na vida do povo. Além do mais, a própria Igreja e outras denominações cristãs se ocuparam com uma doutrinação e uma sacramentalização, sem uma devida evangelização. Assim, foi se formando um povo cristão, sem evangelização, a grande maioria, senão todos, com rudimentos moralistas e atos piedosos, mas sem uma fé na Pessoa e na Proposta de Vida de Jesus. Esse tipo de vivência cristã é facilmente desfeito pela pregação moderna, com sua argumentação ferrenha contra os dogmas cristãos.

Acresce a tudo isso a visão negativa diante dos avanços da Ciência e a tecnologia que estava se impondo sempre mais. Eram vistas e tidas como nocivas à vida da fé. Também, a visão da História não acompanhou a dimensão nova que a História recebeu na Modernidade, a dinamicidade e o progresso evolutivo.

A visão teológica ficou com a concepção da História como construção da eternidade, a partir de um Plano divino. Isto é, tudo era direcionado para o depois da morte, a vida eterna. O futuro consistia em preparar o “pós-morte”. Esse era o futuro, sem a participação efetiva do ser humano nas possíveis transformações da realidade presente. Praticamente, só no século XX, a visão teológica se rendeu ao valor da História e começou a valorizar a presença do ser humano nesse mundo e sua tarefa também de ser parceiro de Deus na construção desse mundo, servindo-se dos dons, dele, recebidos gratuitamente. Descobre-se sempre mais a ação do ser humano na História, inclusive de poder influir significativamente no curso da própria História seja na direção do bem ou do mal.

Descobre-se o valor da esperança como o grande móvel do agir humano. A esperança em auxiliar na construção de um mundo novo e uma Humanidade nova, já neste mundo, sem perder de vista a eternidade.

Assim, a esperança é o grande diferencial do cristão que não só pensa e age na construção de novo céu e nova terra, neste mundo, como proclama e age a ideologia marxista, mas não olvida, nem dispensa a construção do futuro eterno, na Casa do Pai.

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