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O passado não reconhece o seu lugar. Está sempre presente

Nesta edição, quero convidar o leitor para a seguinte reflexão: “ como e o que tem sido ensinado sobre história ao longo dos últimos anos? Como têm sido abordados temas como a 1ª e 2ª Guerra Mundial, a Guerra Fria, a Ditadura? ” O que dizer, quando a história reproduzida em sala de aula muitas vezes é “ pura decoreba”? Infelizmente, não raro o professor, – que deveria ser um “mestre na área” – não conhece o mínimo desejável.  Como ensinar bem, como encantar o aluno se o próprio professor não domina e não é apaixonado pelo assunto? E, “pegando o gancho”, pergunto ainda: porquê “na Pátria Educadora” a história não é valorizada? Afinal, a quem interessa que o povo tenha “memória curta”?

Casa de Brusque

Mas nem tudo está perdido, pois graças ao esforço de pessoas de visão de longo prazo há entidades que ainda conseguem conservar e manter acessível a “história real” – aquela que muitas vezes não está contemplada no conteúdo dos livros, apostilas e cartilhas escolares! São entidades que, além de preservar a história, abrem suas portas para escolas, pesquisadores e cidadãos que tenham interesse em complementar a sua formação ou simplesmente conhecer.

Regionalmente, podemos citar, por exemplo, a “Casa de Brusque”. Idealizada e fundada em 1953 pelo historiador Ayres Gevaerd e por um grupo de amigos amantes da cultura, das tradições e da história, o Museu e Arquivo Histórico do Vale do Itajaí-Mirim detém um acervo de imensurável valor histórico, resultado do persistente trabalho desse grupo pioneiro e que tem como mantenedor a Sociedade Amigos de Brusque – SAB. Guabiruba, por sua vez, possui o museu “Memorial Ítalo Guabirubense Sacristão Francesco Celva”, onde é possível encontrar fotografias, documentos, vídeos de entrevistas gravadas e alguns instrumentos do trabalho dos que habitavam a cidade.

Botuverá, por sua vez, segue a todo vapor nos preparativos para a abertura do “Museu da Cultura”, cuja inauguração está programada para o mês de junho, nas festividades do aniversário da cidade. Os museus que mencionei também contribuem para o resgate de histórias de família. É sabido que o Sul recebeu grande massa de imigrantes europeus nos séculos XIX e XX e se observarmos com atenção, verificaremos que várias famílias possuem um sobrenome bem específico, às vezes concentrado apenas numa pequena região.Se nos aprofundarmos nas pesquisas e voltarmos um pouco na história, talvez constatemos que todos os que possuem um determinado sobrenome – a exemplo dos Glatz – descendem de um só imigrante. Para destacar a relevância do conhecimento histórico, ilustrei citando um determinado nome de família, mas, e se avançarmos rumo à seara política será que estamos “melhor na foto”? Quantos brasileiros conhecem o mínimo sobre a vida e trajetória de nossa Presidente, especialmente a história real de seus anos de juventude?

Pois é….os que conhecem talvez consigam compreender a dimensão da frase que ela proferiu em sua primeira entrevista coletiva após a votação que aprovou a instauração do processo do Impeachment, após a primeira “lavada” registrada na fatídica votação na Câmara dos Deputados e que deixou claro a “ingovernabilidade” do poder central que não conta sequer com o apoio de 1/3 dos Deputados Federais. Disse a Presidente:

–  “Estou tendo os meus sonhos torturados”.

Mais uma demonstração inequívoca da importância de se conhecer a “história real”. Sem esse tipo de conhecimento não é possível compreender o emaranhado político no qual o Brasil se encontra. E se não conhecemos, não compreendemos, a chance de uma mudança efetiva – para melhor – é mínima. Pois, como já disse Mário Quintana: “o passado não reconhece o seu lugar. Está sempre presente.”