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O caso Indaial

Repercutiu intensamente em todo o território nacional o lamentável incidente ocorrido num estabelecimento de ensino na vizinha Indaial, quando um aluno agrediu fisicamente uma professora, causando-lhe lesões que necessitaram de cuidados hospitalares imediatos. Como acontece com certa frequência, a mídia e principalmente as redes sociais instrumentalizaram politicamente o caso, afirmando que a vítima estaria colhendo […]

Repercutiu intensamente em todo o território nacional o lamentável incidente ocorrido num estabelecimento de ensino na vizinha Indaial, quando um aluno agrediu fisicamente uma professora, causando-lhe lesões que necessitaram de cuidados hospitalares imediatos.

Como acontece com certa frequência, a mídia e principalmente as redes sociais instrumentalizaram politicamente o caso, afirmando que a vítima estaria colhendo os frutos que semeara ao longo do desempenho do magistério. Acusaram-na de haver humilhado o agressor, taxando-o de “burro”, de seduzir um aluno a atirar um ovo na comitiva do deputado federal e eventual candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, em visita na cidade, de louvar o ex-presidente Lula e execrar o juiz Sérgio Moro e a Operação Lava-Jato no Facebook, enfim, um rosário de acusações que mais remetem à postura política da professora do que ao real exercício do magistério.

Independente dos motivos que possam ter levado o jovem estudante a este infeliz ato de desatino, cremos firmemente que não existe absolutamente nada que possa justificar atos de violência num recinto escolar, atos que infelizmente têm acontecido com certa frequência em todas as unidades da federação. Posturas inadequadas e desvios de conduta de professores e alunos, devem e são solucionados, normalmente, com a aplicação de medidas disciplinares constantes de um código de ética da própria instituição.

O “episódio Indaial” nos mostra, acima de tudo, quão sofrida, fragilizada e desvalorizada se encontra a profissão do magistério. Nos indica também que possivelmente já estejamos colhendo os frutos desta displicência educacional que perpassa boa parte dos lares brasileiros, onde pai e mãe trabalham, não encontrando mais tempo hábil para dedicar-se, como seria de esperar, à educação da prole, deixando de transmitir-lhes as regras básicas da civilidade na convivência, que tem no respeito ao próximo um dos pilares principais.

Mas não é só: quando solicitados a comparecer ao colégio em função de transgressões comportamentais do filho, muitos pais colocam-se como defensores incondicionais do herdeiro, contribuindo para um clima de impunidade e causando frustração e desmotivação no corpo docente. Uma absurda legislação que visa “proteger” menores das saudáveis chineladas e puxões de orelha completa este quadro educacional desolador e nos leva a encarar com certo ceticismo a educação das futuras gerações.

Todos sabemos que uma educação de qualidade é fundamental para a formação do cidadão que dirigirá o destino do Brasil no dia de amanhã. Para que isto se torne uma realidade, deveremos investir o possível e o impossível na formação qualitativa de professores, tornando a carreira financeiramente atraente bem como preparando-os psicológica e emocionalmente para os enormes desafios de uma sala de aula dos dias atuais.

Não tenho dúvida de que sem um novo enfoque que conduza a uma drástica mudança estratégica, a educação em nosso país não superará a sua crise estrutural.