O brasileiro Xande de los Santos é o talento do Uruguai no Grand Prix

O ala carioca ajuda na evolução e na lenta profissionalização do futsal uruguaio

O brasileiro Xande de los Santos é o talento do Uruguai no Grand Prix

O ala carioca ajuda na evolução e na lenta profissionalização do futsal uruguaio

Alexandre de los Santos, o Xande, é o único jogador brasileiro naturalizado no Grand Prix. Nascido no Rio de Janeiro, ele começou a jogar futsal desde os cinco anos, influenciado pelo pai uruguaio, Julio. Aos 29 anos, o ala é o principal talento em uma seleção repleta de atletas amadores e semi-profissionais. Foi dele o gol de honra da Celeste na partida contra o Brasil por 10 a 1, nesta terça-feira, 31, pelo Grand Prix de Futsal.

Era dezembro de 2013 quando veio o convite para a naturalização. A federação o viu em solo uruguaio atuando pelo Minas em uma partida da Libertadores. Assim, recebeu o convite para se naturalizar. Desde então, foram dez partidas e sete gols marcados pela Celeste. Quatro destes jogos foram contra a seleção brasileira.

Para Xande, o Uruguai rende melhor quando tem preparações mais longas, para fortalecer a parte física da equipe. “A nossa ideia é levar o Uruguai de volta para a Copa do Mundo, em 2020. Então qualquer oportunidade de ter o grupo junto, de ter convivência, a gente aproveita. O resultado no Grand Prix não importa. Não ligo muito nesse sentido”. A última Copa do Mundo disputada pelos uruguaios foi em 2008, quando o time ficou em 17º lugar entre 20 equipes. O Grand Prix é a única competição agendada para a seleção uruguaia no ano.

Para chegar em Brusque, bastou Xande vir de São Paulo em uma viagem tranquila. Para o resto da delegação, foi bem mais complicado. O time partiu em um micro-ônibus no sábado, fez uma viagem de 24h até Brusque, chegou no domingo à noite, treinou na segunda e encarou o Brasil na terça-feira.

Após uma aventura de seis meses em Portugal, onde conquistou liga e copa pelo Benfica, Xande passou por pelo Copagril, de Marechal Cândido Rondon (PR) para disputar o Campeonato Paranaense, e pelo Magnus, de Sorocaba (SP). Lá, foi companheiro de time com Falcão, Rodrigo e Tiago, astros do futsal brasileiro. Também atuou pelo Corinthians de setembro até o fim de 2017, e agora retorna ao Copagril, que disputa a Liga Nacional de Futsal. Xande também passou por Hebraica-RJ, Flamengo, Vasco, Foz do Iguaçu (SC), Anápolis (SC), Jaraguá do Sul (SC), Petrópolis (RJ), e Minas.

“Depois de ter saído do Magnus já tinha reencontrado o Falcão outras vezes. É sempre bom jogar contra ele, jogar contra os melhores. Dá pra aprender muito, é possível se tornar um jogador melhor”, destaca.

Xande não teve problemas para se integrar ao elenco uruguaio. Mas como foi pouco para o país onde nasceu seu pai e o idioma falado dentro de casa foi sempre o português, o ala precisou de algumas aulas para afinar seu espanhol. “A gente se entende muito bem, não tem problema. São países muito próximos”.

O futsal uruguaio
A liga de futsal do Uruguai ainda é amadora, mas bem organizada. Por isso, Xande não pretende atuar em um clube do país, a não ser que seja em uma situação excepcional no fim de sua carreira. “Eu sou o único profissional, e do elenco aqui, acho que uns 80% dos jogadores trabalha e têm o futsal como uma renda extra, porque não é possível viver dele lá. Isto faz diferença.”

O 10 a 1 do Grand Prix 2018 foi um resultado um tanto fora da curva para a seleção uruguaia. Xande se recorda de sua estreia pelo time, quando abriu o placar contra o Brasil. No entanto, o time sofreu a virada e o jogo terminou em 3 a 2.

“O Brasil não fez mais que a sua obrigação. Têm jogadores em meio de temporada, jogadores que são referências em clubes aqui no Brasil, são superiores tecnicamente”, confessa.

Para levar o Uruguai de volta a uma Copa do Mundo, Xande conta com a ajuda do pai. Julio de los Santos ajuda a delegação em suas viagens, mas eles querem mais: evoluir e profissionalizar o futsal uruguaio. “Meu pai conhece bastante o futsal daqui, e através dele tentamos levar algumas ideias do futsal brasileiro para o uruguaio. Eles nos dão esta liberdade e aceitam nossas contribuições, procuram nossas opiniões”.

Xande também pediu o apoio de sua fornecedora de material esportivo para ceder bolas e materiais de treinamento para a liga uruguaia, que é administrada pela Associação Uruguaia de Futebol (Asociacíon Uruguaya de Fútbol – AUF). Assim como a maioria dos países e diferente do Brasil, a entidade que organiza o futebol profissional é a que organiza o futsal. “Queremos tentar evoluir o futsal, que as pessoas pratiquem mais este esporte, que seja rentável. Porque, afinal, é um esporte que todo mundo gosta.”

 

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