A cuidadora Rosângela dos Santos Amaral, 50 anos, usa sua experiência pessoal para o trabalho com seus pacientes. Foi cuidando da avó, que também era sua mãe de criação, que ela conviveu a primeira vez com o Alzheimer.
A mãe adoeceu e Rosângela largou o trabalho de auxiliar de enfermagem para se dedicar a ela. Após alguns anos doente, a mãe recebeu também o diagnóstico de Alzheimer.
“É muito triste quando você recebe o diagnóstico. O Alzheimer é uma doença que tira a pessoa da família ainda em vida”, diz.
O Alzheimer é uma doença que tira a pessoa da família ainda em vida
Foram dois anos acompanhando e convivendo de perto com a evolução da doença na mãe. Dos pequenos lapsos de memória, até o esquecimento por completo da família e de toda a vida recente.
“Não é fácil. Era muito triste quando ela não lembrava de mim. Essa, com certeza, é a pior parte, porque durante alguns momentos viramos estranhos para eles”.
Após a morte da mãe, Rosângela, que morava em Ivaiporã, no Paraná, veio para Brusque. Aqui, começou a trabalhar como cuidadora, profissão que exerce até hoje.
Ela atua no Lar Menino Deus e também auxilia famílias de forma particular. No Lar Menino Deus, já cuidou de idosos com Alzheimer. Atualmente, também ajuda a família de um idoso que está com a doença em estágio inicial.
“Já cuidei de alguns idosos com Alzheimer. Alguns são mais agressivos, outros são calmos”, diz.
A cuidadora ressalta que a pessoa com Alzheimer precisa de muito apoio da família e, conforme a doença avança, requer atenção 24 horas por dia, sete dias por semana. Para ela, a palavra-chave no cuidado de uma pessoa com Alzheimer é paciência.
“A pessoa não tem culpa por ter Alzheimer, por não se lembrar, por ter alucinações. Às vezes as pessoas pensam que eles só querem chamar a atenção, então forçam a barra, mas não. É preciso muita paciência, entender que eles são repetitivos, que só querem falar do passado. A doença é isso. No início, você conversa e eles entendem, mas depois vai chegar um momento que não vai adiantar mais”.
Rede de apoio é fundamental
Tendo como exemplo a própria experiência, Rosângela destaca que é preciso uma rede de apoio não apenas para o portador da doença, mas também para os familiares que são responsáveis por cuidar do doente.
Chega um estágio em que eles ficam completamente dependentes, por isso, é importante que a pessoa que cuida tenha ajuda, porque senão acaba adoecendo junto
“Na maioria dos casos, vemos que uma pessoa só fica responsável por cuidar do doente e acaba sobrecarregada. O cuidado é intenso e é muito importante que tenha ajuda, que os filhos se revezem, por exemplo, porque realmente é muito difícil. Chega um estágio em que eles ficam completamente dependentes, por isso, é importante que a pessoa que cuida tenha ajuda, porque senão acaba adoecendo junto”, diz.
Para aqueles que receberam o diagnóstico recente de Alzheimer na família e estão assustados com o que vem pela frente, a cuidadora dá um conselho: “Aproveite cada dia na companhia dele. Mesmo que seja difícil, que ele não se lembre mais, que esteja ali só com o corpo, você vai sentir saudades, vai querer estar com ele nem que seja mais uma vez. Eu daria tudo para ter mais um dia com minha mãe”.
Doença sem cura
O Alzheimer é uma doença degenerativa, progressiva e que ainda não tem cura. Geralmente, atinge pessoas acima dos 65 anos. O Alzheimer é a forma mais comum de demência no idoso. A doença se caracteriza por três estágios: inicial, intermediário e avançado.
No estágio inicial, os principais sintomas são: memória alterada; desorientação; alterações de linguagem e crítica comprometida.
No estágio intermediário, os sintomas incluem: maior deterioração da memória; alterações no cálculo, julgamento, planejamento e abstração; alterações nas emoções, personalidade e comportamento social.
Já no estágio avançado, as funções do organismo estão mais comprometidas, e os sintomas principais são: incontinência urinária e fecal e sinais neurológicos graves como rigidez, convulsões, tremores e movimentos involuntários.
Fevereiro roxo
O mês de fevereiro é dedicado à conscientização sobre o Alzheimer, Lúpus e Fibromialgia. Apoiada pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), o Fevereiro Roxo visa informar as pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce em casos como esses.
Apesar de serem distintas, as três doenças têm em comum o fato de não possuir cura, motivo que reforça a importância de um diagnóstico correto para que o tratamento seja feito de forma eficaz e segura, proporcionando bem-estar e qualidade de vida do paciente.