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Número de taxistas em Brusque cai 36% nos últimos três anos

Um dos principais fatores é a popularização dos aplicativos de transporte

São tempos difíceis para os taxistas: de 2018 até os primeiros meses de 2021, a quantidade de profissionais da categoria em Brusque caiu 36,6%. Um dos principais fatores para a diminuição da frota é a popularização dos aplicativos de transporte.

“Nunca esteve tão ruim como agora”, diz Sérgio, que é taxista em Brusque há 21 anos. A situação é vista da mesma forma por outros motoristas. “Tá bem complicado”, afirma o taxista Acácio, que atua no ramo há 19 anos.

Os dados da Prefeitura de Brusque mostram que o município tinha 60 taxistas em Brusque. Em 2019, esse número caiu para 55 porque um ficou inativo e outros quatro devolveram o ponto.

No ano passado, em meio a pandemia, seis ficaram inativos e sete devolveram ponto. Neste ano, até o momento, três estão inativos e houve um falecimento.

São considerados inativos aqueles que não procuraram a diretoria de Trânsito para regularização.

Transporte por aplicativo

Os taxistas se queixam da falta de regulamentação e fiscalização para motoristas de aplicativo. Eles alegam que é comum fazerem corridas “por fora”, ou seja, sem ser pelo aplicativo, mas cobrando o mesmo preço.

Sérgio é aposentado e não depende do valor que ganha nas corridas de táxi para sobreviver, mas como o movimento é menor, precisa usar os recursos da aposentadoria para arcar com as despesas de alvará, vistoria, manutenção do veículo e combustível.

Para Acácio, a situação é diferente. Ele não é aposentado e depende das corridas. O motorista até já pensou em mudar de profissão, mas para não perder o ponto continua no ramo.

Na visão dele, a pandemia prejudicou bastante a atividade, mas os aplicativos de transporte são a principal causa do problema. Também há alta no preço da gasolina, que acaba aumentando os custos.

O taxista comenta que já viu motoristas de aplicativo ficarem em estacionamentos de supermercado para oferecer corrida “clandestina”, como eles chamam, sem ser pelo aplicativo. Sérgio também se queixa da situação e afirma que os motoristas de aplicativo entregam cartões aos passageiros para que peçam corridas no particular.

Por estar no ramo há anos, Sérgio tem uma clientela fiel e, por isso, não acontece de passar um dia inteiro sem corrida. Acácio também tem clientes que sempre o chamam, mas já ficou sem fazer corridas durante o dia de trabalho. Os clientes fiéis são em sua maioria idosos que não utilizam o transporte por aplicativo.

Reajuste da tarifa

De acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de Brusque, Modesto Bertoldi, a tarifa não é reajustada desde 2014. “A gente vai pedir o reajuste. O preço do taxista está desde 2014 sem ser ajustado. A meia dúzia que sobrar, vai ter que trabalhar para ganhar, não para tirar do bolso”, diz o representante da categoria.

De acordo com o setor de trânsito da Prefeitura de Brusque, a classe não pede reajuste desde 2014.

Nova legislação

A nova legislação, aprovada pela Câmara de Vereadores no ano passado, prevê o reajuste anual da tarifa, fixada por decreto do prefeito.

Depois da aprovação, os taxistas pediram modificações na lei, por não concordarem com alguns pontos. O presidente do sindicato diz que o texto foi formulado quando ainda não havia transporte por aplicativo na cidade e os táxis ainda circulavam com mais frequência, por isso é preciso reformular.

Até o momento não houve discussão para as mudanças. Segundo Bertoldi, a entidade está tentando marcar uma reunião com a Prefeitura de Brusque para discutir o assunto.

A lei nova prevê a disponibilização de 50 autorizações para taxistas. Dessas 50, vão descontar aqueles que não vão mais operar. Novas vagas serão disponibilizadas dependendo do crescimento populacional.