Novas normas do Conselho Federal de Medicina estipulam tempo limite para atendimentos
Atendimento em pronto-socorro não pode ultrapassar duas horas
Atendimento em pronto-socorro não pode ultrapassar duas horas
Está em vigor desde o dia 16 de setembro, as novas normas do Conselho Federal de Medicina para o atendimento dos serviços de urgência e emergência nos hospitais públicos e privados. As normas determinam o prazo de duas horas para os pacientes serem atendidos após passarem pela classificação da gravidade do seu quadro de saúde.
De acordo com a gerente de enfermagem do Hospital e Maternidade Evangélico de Brusque (HEM), Camila Pereira, a unidade já segue essa norma no pronto-atendimento desde o ano passado. “Desde junho de 2013 temos essa metodologia instalada. Hoje está se tornando obrigatório, mas estamos em processo de validação desse sistema há um ano e três meses”.
A classificação utilizada no atendimento no pronto-socorro do hospital é baseada no protocolo de Manchester, que classifica os doentes por cores que representam o grau de gravidade e o tempo de espera recomendado para atendimento após uma triagem baseada nos sintomas. “Muitos hospitais se baseiam nesta metodologia, já se vinha discutindo essa questão de classificação de risco há muito tempo devido essa estrutura das filas, grau de prioridade. O protocolo e a classificação de risco não vem para fazer um diagnóstico e sim para ter uma prioridade clínica do paciente”, explica.
No HEM são utilizadas quatro cores para diferenciar e determinar o grau de atendimento do paciente. A pulseira vermelha é a emergência. “Esse paciente tem zero minuto para ser atendido, é risco iminente de morte. Às vezes, esse paciente nem acaba passando pela triagem, já entra direto para a sala de emergência”.
A pulseira laranja é a urgência. Após a triagem, esse paciente tem 10 minutos para ser atendido pelo médico. No amarelo, o médico deve atender em até 60 minutos e o verde, em até duas horas. “Nosso maior desentedimento com a população é com o atendimento verde, considerado não-urgente. A partir do momento que saiu da triagem, o médico tem até duas horas para atender. Temos muitos pacientes cardíacos, então, de repente chega uma emergência e a prioridade total é desse paciente, e os outros precisam esperar”, destaca.
De acordo com a gestora do HEM, Ilse Barbosa, 80% do atendimento da unidade é classificado como verde. “São casos de vômito, diarreia, dor na lombar, tudo coisa rotineira. Se pegarmos uma linha de tempo de 30 dias e fazer uma média do número de atendimento e do tempo que o paciente está esperando, essa média não ultrapassa duas horas, mas existe com frequência, o acúmulo de pessoas que chegam no pronto-atendimento, e culmina com um paciente vermelho, e aí acontece de esperar três horas”, explica.
Ilse destaca que o hospital está trabalhando em ações para melhorar o atendimento. “Vamos intensificar a questão da qualificação médica, também vamos fazer uma pesquisa com a população para identificar os problemas apontados pelos pacientes no atendimento. Com essa nova resolução e o trabalho que estamos fazendo é seguir cada vez mais os protocolos instituídos pelo Ministério da Saúde”.
O diretor-administrativo do Hospital Azambuja, Fabiano Amorim, afirma que a unidade hospitalar também já trabalha com a metodologia do protocolo de Manchester. No entanto, ele ressalta a importância de a população compreender o que é o atendimento de urgência e emergência. “Essa nova norma fala de urgência e emergência para atendimento até duas horas. Agora, casos clínicos que não são urgência/emergência posso levar até quatro horas, como gripe, dor nas costas, essas são consultas eletivas que poderiam ser resolvidas na unidade básica de saúde”.
Ele destaca que no Hospital Azambuja, tudo o que é de urgência e emergência chega pelo Corpo de Bombeiros. “Quem chega com os bombeiros, atendemos imediatamente. As questões de urgência, quando é feito o acolhimento e visto que tem algum sinal alterado, que tem risco, atendemos em menos de uma hora, então se a pessoa está sangrando, com crise de hipertensão, atendemos nesse tempo”.
Amorim afirma que 80% dos casos atendidos no pronto-socorro do hospital Azambuja não são de urgência e emergência. “São casos clínicos comuns, que poderiam tranquilamente esperar o dia seguinte ou ir a noite na Policlínica, e acabam vindo ao hospital. Seguimos todas as normas para urgência e emergência, a questão são os outros casos. O importante é que a população entenda o que é urgência e emergência”.