Nova empresa vai administrar Hospital Evangélico
Comunidade Evangélica, proprietária do imóvel, autorizou hospital a realizar locação para empresa privada
Comunidade Evangélica, proprietária do imóvel, autorizou hospital a realizar locação para empresa privada
A Associação Hospitalar e Maternidade Cônsul Carlos Renaux irá ceder os direitos e deveres relacionados ao Hospital Evangélico a uma empresa privada, por meio de uma cisão – processo no qual cria-se um novo CNPJ para a instituição, que passa a ter controle total sobre a estrutura, contratos e funcionários do hospital.
O imóvel pertence à Comunidade Luterana, mas é administrado por uma associação hospitalar, que possui uma diretoria e um conselho deliberativo. Essa associação, na semana passada, deu aval à continuidade do processo de cisão. Na noite de ontem a União Paroquial autorizou a locação do imóvel, sob condição de cumprimento de todos os termos e requisitos estabelecidos pela diretoria, comissão previamente formada e orientadas por assessoria jurídica.
A cisão significa que a associação hospitalar, que atualmente possui só um CNPJ, passaria a ter dois. A entidade continuaria com suas atividades de caráter social, como campanhas de doação, mas não teria mais poder de gestão sobre o hospital. Esse poder, por meio do contrato de cisão e da criação de novo CNPJ, passaria para a empresa privada. A estimativa é de que esse contrato tenha validade de 25 anos.
Segundo André Luiz Zen, presidente do Conselho Deliberativo do hospital, a partir do momento em que a nova empresa assume a instituição, ela tem todos os deveres e direitos. A empresa ocupa a estrutura física, assume os contratos do hospital, os funcionários, assim como suas obrigações fiscais e de pagamentos. Com isso, um novo gestor deve ser nomeado e passa a responder pelo hospital. Caberá ao novo gestor definir, inclusive, pela demissão ou admissão de funcionários.
Zen afirma, ainda, que a nova empresa terá de honrar todos os contratos comerciais firmados pelo hospital. “Existe total responsabilidade com as empresas contratadas, com certeza os contratos serão mantidos”.
Ele explica que existe um grupo de empresários e médicos que estão se mobilizando para fechar o contrato de cisão com a Associação Hospitalar, no sentido de aplicar recursos e passar a gerir o hospital. No entanto, a definição final fica a cargo de quem é proprietário da instituição.
O presidente do Conselho Deliberativo afirma que nada impede que terceiros façam propostas para gerir a instituição, no entanto, existe “um aspecto que é a confiança e o conhecimento das pessoas envolvidas”. “Não quer dizer que uma empresa desconhecida que faça uma proposta melhor que vai levar o negócio”, pontua Zen.
Os motivos
André Zen afirma que o Conselho de Administração, junto com os gestores do hospital, têm buscado alternativas há muito tempo para melhorar as contas da instituição. “Abrimos todas as possiblidades de sustentar os negócio, na busca de captação de recursos, já foram esgotadas várias alternativas e, por fim, achamos melhor ir por esse caminho”.
Até então, o hospital tem aporte financeiro advindo de doações, uma cultura de muitos anos atrás, e não recebe nenhum repasse financeiro do poder público. Portanto, os recursos existentes não têm sido suficientes para administrar as finanças.
“Queremos fazer com que realmente investidores externos aportem capital de uma forma profissional, de uma forma legal, assumindo a posse e a responsabilidade, os ônus e os bônus do negócio”, ressalta o presidente do Conselho.
Para o presidente da Comunidade Luterana, Cristian Fuchs, a entidade vê com bons olhos a iniciativa proposta pela associação hospitalar. “É uma iniciativa relevante, para boa continuidade dos trabalhos do hospital, para que novos investimentos possam vir, aumentando o grau de atendimento”, diz.
Após a aprovação da locação do imóvel pela União Paroquial, o processo de cisão deve ser concluído ainda neste ano, para que a empresa assuma a partir dos primeiros dias de janeiro de 2015, diz Zen. A partir de agora serão feitos os procedimentos burocráticos para concluir o negócio, bastando que a atual gestão conclua o ano fiscal, com balanço financeiro.