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Mudança no Fies afeta estudantes de Brusque

Acadêmicos de universidades que reajustaram mensalidades acima de 6,41% poderão perder financiamento dos estudos

O Ministério da Educação (MEC) anunciou alterações na concessão do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no fim do ano passado e os efeitos estão sendo sentidos agora. O MEC colocou uma trava na renovação do Fies para instituições que tenham reajustado a mensalidade acima da inflação oficial (6,41%), publicada semana passada. A medida causou surpresa nas universidades e estudantes, que estão apreensivos se poderão continuar seus estudos.
Fernanda Freitas, estudante do quinto semestre de Medicina Veterinária na Universidade Regional de Blumenau (Furb), é uma das pessoas afetadas pelas novas regras para o financiamento. “Muito preocupada”, ela não sabe como ficará o seu futuro. “Preocupa muito. Se não tiver Fies, não vou continuar a faculdade, é muito caro”, diz a moradora de Brusque. Ariele Gripa, estudante do quinto semestre de Arquitetura e Urbanismo na Univali, é outra brusquense que também poderá ter a vida acadêmica prejudicada. “Eu espero que eu consiga [o Fies novamente], mas pelo que eu vi, a Univali vai ficar de fora, pelo reajuste. Vou fazer o que eu puder para que não fique sem, porque senão vou ter que pedir transferência ou procurar alguma bolsa. Não tenho condições”, afirma a jovem.
Reajuste só até 6,41%

Fernanda e Ariele são apenas dois exemplos dos afetados pelas medidas do governo. Segundo portaria publicada pelo MEC em dezembro, as universidades que reajustaram as suas mensalidades acima de 4,5% estavam impedidas de firmar novos contratos ou realizar aditamento (renovação) dos alunos já contemplados. Depois de uma torrente de reclamações do mercado de Educação, o ministério reviu o percentual para 6,41%, a inflação oficial de 2014. No entanto, na região, afirma o vice-reitor da Furb, Udo Schroeder, a média da correção nos valores foi de 8%, ou seja, todas as instituições de ensino superior seriam atingidas pela medida e teriam o benefício do Fies cortado.

No quesito econômico, o MEC buscou evitar que aumentos muito acima da inflação fossem aplicados pelas instituições, aumentando assim o gasto com as mensalidades. Além disso, até o momento o MEC pagava as universidades 12 vezes ao ano, isto diminuirá para oito vezes. As outras quatro parcelas só serão quitadas quando da formatura do aluno.

As mudanças anunciadas pelo Ministério da Educação têm o objetivo de obrigar as universidades e faculdades a elevarem os níveis de seus cursos. De acordo com a portaria nº 21 de 26 de dezembro de 2014, não basta que o estudante tenha prestado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como era cobrado até o momento. A partir de agora, ele terá de ter tirado nota superior a 450 pontos e não ter zerado a redação. Isto passa a valer para alunos que concluíram o Ensino Médio de 2010 em diante.
Em Brusque

Em Brusque, o Centro Universitário de Brusque (Unifebe), a Unisselvi/Assevim e a Faculdade São Luiz oferecem cursos com Fies. Na região, duas importantes universidades, Furb e Univali, podem ser descredenciadas do programa de financiamento se não houver mudança.

O vice-reitor da Unifebe, Alessando Fazzino, afirma que a instituição está, a princípio, com o Fies ainda em funcionamento. A instituição tem 400 estudantes pelo programa do governo federal e reajustou as suas mensalidades em 8,5% de 2014 para 2015. “Vamos para Brasília junto com a Acafe para discutir isso nos próximos dias”, diz. Por enquanto, ele afirma que o prazo para que os interessados apliquem para as renovações – dia 1º de março – está mantido.

A Unisselvi/Assevim se manifestou por meio de assessoria de imprensa. A Kroton International, grupo que é dono da instituição, informa que a Unisselvi não vai comentar sobre o assunto neste momento. A Faculdade São Luiz não respondeu o contato do jornal Município Dia a Dia até o fechamento desta matéria.
Região

Com grande número de alunos oriundos de Brusque, Furb e Univali também têm grande impacto na vida dos brusquenses. A Furb reajustou a mensalidade em 8,5% e, em tese, os seus 2,6 mil estudantes que dependem do Fies não poderão renovar os contratos para o primeiro semestre de 2015. “Mas a gente sabe que esta é uma medida que tem que ser revertida. No estado, uma só instituição não fez reajuste acima deste valor. Estamos fazendo uma força-tarefa para conversar com o ministério”, diz o vice-reitor da Furb, Udo Schroeder. Ele também questiona a clareza desta regra, porque não se sabe ao certo se as correções podem ser feitas semestralmente ou anualmente. Tudo isso, diz ele, ainda deve ser dsicutido e definido.

Na semana que vem, representantes da Acafe, da qual Unifebe, Furb e Univali fazem parte, vão à Brasília para debater o assunto. Estudantes da universidade de Blumenau também vão até a capital federal para tentar reverter a situação. “O MEC mudou as regras no meio do jogo sem avisar previamente. O problema que nos preocupa mais são os alunos, isso não é justo com eles”, afirma o vice-reitor da Furb.

A Univali informou por meio de assessoria de imprensa que está analisando a situação, mas que de oficial ainda “há pouca coisa”. A instituição afirma que o Fies está mantido e recomenda aos alunos que mantenham a calma. O reajuste na instuição itajaiense foi de 8% e neste momento ela estaria fora do Fies.

A universidade também diz que o site do Fies está passando por mudanças e por isso os estudantes podem enfrentar problemas, mas a data de abertura para novos contratos, dia 23, está mantida.