Moradores reclamam de falta de atendimento na Unidade de Saúde Limeira
Segundo eles, atendimento médico para os residentes no Sesquicentenário e proximidades foi cancelado há mais de três meses
A aposentada Leonilda Becker do Nascimento, 69 anos, espera há pelo menos três meses uma consulta com o clínico geral da unidade de saúde do bairro Limeira para ser encaminhada para um oftalmologista e descobrir a causa de sua perda de visão. Ela mora com o filho no Residencial Sesquicentenário, e assim como os demais moradores do local e das proximidades, não está conseguindo atendimento médico.
“Estou desesperada. Há muito tempo estou esperando para ser encaminhada para a consulta com o médico de visão. Estou cada dia mais cega e não sei o motivo, enxergo tudo embaçado e não tenho respostas. Não tem médico para me atender”, desabafa.
De acordo com ela, toda vez que vai até a unidade de saúde, é informada que não há atendimento para os moradores da região do Sesquicentenário. “A gente chega lá e eles logo perguntam onde eu moro. Quando digo que é no Sesquicentenário, eles dizem que não tem consulta. Me sinto humilhada e saio de lá sem rumo”, diz.
Assim como Leonilda, a moradora T.J., que preferiu não se identificar, também passa pelo mesmo problema. Ela aguarda um encaminhamento para cirurgia de retirada de uma hérnia há meses, mas ainda está sem resposta. “O médico que cuidava aqui da área do Sesquicentenário foi embora, e os outros médicos do posto de saúde não podem atender a gente. Chegamos lá e nunca tem consulta pra nós. Se eu vou no posto é porque eu estou precisando, se eu levo os meus filhos é porque eles não estão bem. Se eu tivesse dinheiro, pagaria particular, mas não tenho como pagar e dependo do posto de saúde”, afirma.
Além de aguardar uma resposta para a cirurgia, a dona de casa também não conseguiu atendimento para o filho. “Meu filho estava com a garganta inflamada e muita dor, fui no posto e pedi um remédio e eles não deram porque eu não tinha receita, mas como vou ter receita se o médico não atende? Tive que ir na farmácia comprar a amoxilina. Paguei R$ 47”.
Cansada de aguardar uma resposta, Leonilda resolveu mostrar sua indignação no sábado, 13, durante passagem do prefeito Paulo Eccel pelo bairro. “Eu mesma escrevi um cartaz cobrando médico e fui para a rua mostrar minha indignação. Não quero nada melhor do que os outros, só quero uma consulta”.
Na manhã dessa quarta-feira, 17, o conselheiro tutelar Paulo Vendelino Kons teve conhecimento do problema e, segundo ele, já informou sobre o caso ao Ministério Público (MP) de Brusque. “É um fato grave e sério, que depende de um ajustamento para quem procedeu assim. É impensável que aquela comunidade de 336 famílias, fora adjacências, fiquem sem atendimento médico. Deveria ter um remanejamento de médicos na falta de profissionais, e não bloquear o atendimento a essas pessoas. Comuniquei os demais conselheiros e oficiei a 2ª Promotoria”.
Explicações
A secretária de Saúde de Brusque, Ana Ludvig, explica que a unidade de saúde do Limeira é composta por três equipes de saúde da família completas, e cada uma é responsável por atender uma área do bairro. “A equipe 1 atende a Limeira Baixa, a equipe 2, a região em torno do Sesquicentenário e não exclusiva do residencial, e a equipe 3, atende o pessoal da Limeira Alta”.
Segundo ela, o médico da equipe 2, responsável pela área próxima ao residencial, foi embora, e por isso, os atendimentos no local foram prejudicados. “Contratamos uma outra médica para cobrir essa falta, ela já está na cidade, mas por problemas com a documentação ainda não pode atuar”, diz.
Ana reconhece a demora em providenciar outro profissional para atender a região, mas destaca que desde a semana passada, o problema foi resolvido. “Um profissional de outra unidade está no local para fazer esses atendimentos.
Assim que tivemos disponibilidade colocamos ele lá e estamos aguardando a nova profissional. As pessoas que precisarem podem ir até o local que poderão agendar as suas consultas, lembrando que ela pode não ser imediata, algo que é normal em todas as unidades. Mas podem marcar a consulta, sim”.