Médico que oferecia receita de ivermectina em frente à Vila Germânica é impedido pela Prefeitura de Blumenau
Secretaria de saúde afirma que atitude vai contra Código de Ética da profissão
Secretaria de saúde afirma que atitude vai contra Código de Ética da profissão
Um médico ginecologista de Blumenau montou uma espécie de consultório em uma mesa de bar ao lado do Parque Vila Germânica, no último sábado, 11, para oferecer receitas de Ivermectina. O medicamento tem sido utilizado em algumas cidades para o tratamento de Covid-19. O homem só saiu do local após ser abordado duas vezes por servidores públicos municipais e receber a promessa de conversa com o secretário de Saúde de Blumenau.
Nas redes sociais, o doutor Adilson Tadeu Machado faz diversas publicações defendendo a utilização do remédio, bem como da Hidroxicloroquina e da Azitromicina para o tratamento preventivo de coronavírus. Machado faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Isabel, além de ser um dos sócios da Servmed, clínica de medicina do trabalho.
Também nas redes sociais, ele relatou detalhadamente a ação deste fim de semana. O médico iniciou explicando que pediu emprestado uma cadeira e uma mesa de plástico para uma sorveteria próxima à Vila Germânica, para se “instalar” em uma calçada.
“Coloquei meus apetrechos, de ‘Dr’, vestindo um jaleco branco. Não demorou muito fui interpelado. É aqui que faz teste de Covid? – Não Senhor! A consulta e teste são feitos aí no Pavilhão com os Profissionais da Secretaria Municipal de Saúde. Estou aqui divulgando que acredito no tratamento preventivo com Ivermectina, Hidroxicloroquina e Azitromicina. Caso queira uma receita posso fazer, de Ivermectina, após sua consulta no Pavilhão. E assim prosseguimos das 16:45 até às 18:45 horas. Alguns já estavam tomando, e questionaram suas dúvidas, procurei ajudar no que podia”, relatou Machado, em uma publicação no Facebook.
Na mesma publicação, ele contou que foi abordado profissionais da Prefeitura de Blumenau, que atuam no pavilhão do Parque Vila Germânica, solicitando para que ele saísse. Sem atender a estes pedidos, ele precisou ser novamente abordado, agora por profissionais da Defesa Civil, que o convenceram a se retirar, prometendo que o secretário de Saúde de Blumenau iria entrar em contato com ele.
No final da postagem, o médico ainda fez comentários sobre a situação.
“Fico pensando, quando sou médico na canoa no rio Paraguai, se tenho remédio dou ao ribeirinho, prescrevo se tenho receituário, não me pedem licença ou alvará. Quando fiz atendimentos em domicílio, como médico militar e mesmo médico civil, vendo os pacientes em suas casas, não precisava levar o alvará comigo! Será que o código de posturas aqui exige isto? Nunca ninguém me pediu?”, desabafou.
Por meio de assessoria de imprensa, a Secretaria de Saúde confirmou a situação e destacou que “sanitariamente ele não pode ‘instalar’ um ‘consultório’ na calçada, então isto seria uma infração, mas não houve flagrante”.
Além disso, apontou que “por conduta médica, código de ética, ele não pode prescrever remédios sem fazer uma consulta, então se ele consultasse na calçada estaria em desacordo e se só entregasse a receita também”.
A assessoria ainda confirmou que o secretário de Saúde de Blumenau, Winnetou Krambeck, entrará em contato com o médico nesta semana para uma conversa sobre o assunto.
Na semana passada o secretário já se posicionou contra a distribuição de medicamentos como estes para a população em geral. De acordo com o médico, faltam evidências científicas de que eles realmente combatem a Covid-19.
Nossa reportagem entrou em contato com o Hospital Santa Isabel, da qual o médico faz parte. Entretanto, a instituição afirmou que, apesar de integrar o corpo clínico, Machado não atua no hospital “há muito tempo”.
O HSI também reforçou que defende recomendações como isolamento social, higienização das mãos e uso de máscaras. Sem se responsabilizar pelas ações dos colaboradores fora do horário de experiente.
Confira a nota na íntegra:
O Hospital Santa Isabel (HSI), de Blumenau, segue as diretrizes do Ministério da Saúde no tratamento de pacientes com síndromes respiratórias agudas graves e Covid-19. Acreditamos que as ações recomendadas para contenção do vírus, como isolamento social, higienização das mãos e uso de máscaras, são eficazes para diminuir a contaminação entre as pessoas.
O Hospital Santa Isabel não se responsabiliza pelas ações de seus colaboradores e Corpo Clínico fora do horário de expediente ou fora da atuação dentro da instituição, e se preocupa em prestar o atendimento adequado e oferecer tratamento com medicamentos de ação comprovada no tratamento da Covid-19. O Dr. Adilson Tadeu Machado faz parte do Corpo Clínico do Hospital Santa Isabel, mas não atua na instituição há muito tempo.
Colaborou Alice Kienen.