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Mais de 20 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes são registrados em dois anos

Levantamento mostra realidade que é pouco comentada no município

A Secretaria de Assistência Social de Brusque atendeu 22 casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes entre 2017 e 2018. Os números constam em um levantamento detalhado realizado pela pasta sobre o delicado tema.

O estudo mostra que houve um acréscimo na quantidade de atendimentos de abuso sexual na Assistência Social de um ano para o outro. Em 2017, foram nove, enquanto que em 2018 foram 13.

A secretaria também dividiu os registros por sexo e idade. No caso de gênero, as meninas são maioria. Foram 20 ocorrências com elas e somente duas com garotos.

A maior parte das vítimas é menina adolescente, entre 13 e 17 anos. Foram nove com esse perfil nos dois anos analisados. Ainda na mesma faixa etária foi registrado apenas um caso de abuso contra um garoto.

A faixa etária até 6 anos de idade concentrou sete casos e fica em segundo lugar. Além disso, a Assistência Social registrou quatro registros de meninas e um de um menino entre 7 e 12 anos.

O levantamento mostra, ainda, a distribuição dos casos por bairros. Cedrinho e Limeira empatam com quatro ocorrências cada. O Bateas fica na terceira posição com três.

Com relação ao mês dos registros, o estudo da secretaria revela que maio concentrou cinco registros e, com isso, ficou na primeira posição.

Análise

O secretário de Assistência Social, Deivis da Silva, avalia que os bairros Limeira e Cedrinho concentram a maior parte dos casos porque em ambos existe a presença mais próxima da pasta.

No caso do Cedrinho, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Azambuja presta atendimento à população. Dentro do Limeira funciona outro Cras. 

Silva acredita que a presença das assistentes sociais encoraja que vítimas e familiares denunciem casos, seja diretamente à pasta ou a um órgão de segurança.

O secretário avalia, ainda, que o fato de adolescentes meninas serem a maior parte das vítimas deve-se ao esclarecimento. Por serem mais velhas, elas têm mais noção do que é errado e são mais propensas a quebrar o silêncio.

Quanto ao perfil socioeconômico, a maioria das vítimas é mais pobre. “O perfil é mais ligado à vulnerabilidade social e econômica e, às vezes, é ligado ao consumo de drogas ilícitas ou de drogas ilícitas, como o álcool”, pontua Silva.

Procedimento

Devis da Silva explica que os casos computados pela pasta têm origem de diferentes formas. Podem ter chegado por meio do Ministério Público, Conselho Tutelar, Juizado Especial, Polícia Civil ou denúncia anônima.

É bastante comum que os denunciantes não queiram se envolver por medo de represálias. O secretário diz que a garantia de anonimato é fundamental nesses casos.

Quando o abuso já aconteceu, a Assistência Social presta apoio por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

O Creas acompanha a criança ou adolescente e busca melhorar a convivência e fortalecer vínculos familiares. Silva esclarece que a ideia é sempre tentar manter a vítima com a família ou a extensão dela – como um tio ou tia.

Já quando é necessário retirar a criança do convívio familiar, pois muitas vezes o agressor mora na mesma casa, o atendimento passa do Creas para a equipe de alta complexidade.

As crianças recolhidas do convívio familiar vão para uma instituição, por exemplo, o Lar Sagrada Família. Já adolescentes vão para outra entidade que fica na Grande Florianópolis.

O Cras não lida com abuso sexual, apesar de fazer parte da Assistência Social. O serviço é voltado à prevenção desses casos, explica o secretário.