As mudanças tecnológicas dos últimos 30 anos foram muito grandes. Somos uma geração de pais com acesso a muita informação, com diversos livros sobre como educar, vídeos, tutoriais, programas de TV, podemos  escolher qual corrente ou linha de educação seguir. Porém, todas essas informações não nos dão uma certeza ou uma garantia de sucesso no processo de educação. Ficamos confusos. Uma hora é preciso deixar a criança livre para criar, ser espontânea, e não podar a criatividade; em outra, é preciso que a criança diga que adorou o presente que não gostou, para se mostrar educada. Se chora porque sente dor, dizemos para deixar de manha; e depois queremos que seja uma criança equilibrada, que saiba reconhecer suas emoções. Pedimos para brincar, e explorar o mundo da imaginação; mas, se o barulho incomoda, ou se suja muito a roupa, então que vá logo para o celular. E, por aí, vai…  Toda essa confusão que sentimos, transferimos para nossas crianças e jovens.

Além disso, percebemos, com os fatos assistidos no cenário mundial, que os sistemas político, econômico e social que foram construídos e deram certo em determinado período, precisam ser revistos. Vivemos em meio a uma transição, e nesse contexto, os modelos que nos foram passados e  insistimos em adotar, precisam ser expressados de forma diferente.  É preciso compreender que  o mundo não é igual, nem vivemos mais em um ambiente como era na época de nossos pais. Por isso, precisamos de valores que nos ajudem a compreender, acolher, integrar, escutar, e ponderar melhor nossas ações.

Quando nos damos conta da quantidade de variáveis em um processo de educar, tentamos encaixar todos, formar crianças que sejam parecidas, para facilitar o trabalho de nós, adultos.  Sejam nos sistemas escolares, sociais, na família. Queremos um mundo diferente e melhor, mas não damos espaços para  que essas crianças e jovens transformadores façam as mudanças necessárias. É uma grande insensatez da nossa parte. E o pior é quando eles mesmos apontam nossas falhas de forma tão clara, consciente, e madura, que talvez fossem necessários muita reflexão e busca pelo autoconhecimento para chegarmos a tais conclusões.

Mas será que é possível ampliar nossa consciência e ajudar crianças e jovens em seu desenvolvimento de forma mais harmoniosa e feliz?

Acreditamos que sim. Acreditamos que precisamos estar mais conscientes sobre o mundo complexo, quem somos, e como podemos nos comunicar melhor com as crianças e jovens sob nossa responsabilidade.

Que é possível conectar pais e educadores às crianças, percebendo suas dificuldades e potencialidades no processo de educar. Permitir que cresçam, saudáveis, sentindo alegria por fazerem parte desse mundo, e estabelecendo, assim, um clima positivo entre todos os envolvidos.

Quando entendemos o nosso papel, os nossos limites e também nossas possibilidades tudo fica mais fácil. Exercemos nosso papel de educar com mais segurança, menos culpa e mais responsabilidade. E essa nossa conduta vai refletir os adultos que irão formar a sociedade.

Crianças que desde cedo são educadas por adultos conscientes e seguros na suas condutas, tem maiores chances de tornarem-se adultos também conscientes das suas escolhas, mais seguros com menos traumas e contribuindo com mais respeito na sociedade.

Por outro lado se desde cedo, as crianças e jovens não são entendidos no seu jeito de ser, já logo diagnosticados com um rótulo que muitas vezes é motivo de segregação e não de inserção, podem tornar-se pessoas realmente fadadas a exercer os seus rótulos.

E todo esse processo também envolve muito sofrimento, que poderia ser evitado desde cedo com adultos mais atentos a todo esse processo de relação entre criança, pais, educadores.

A responsabilidade é nossa, de fazer diferente e tornar a vida de cada um que está ao nosso lado mais leve, mais feliz. Fica aqui o nosso convite de viver um mundo com Mais Afeto, por favor!


Clícia H. Zimmermann
(professora)

 


Sabrina M. Schlindwein
(psicóloga). Mães, em constante busca da educação consciente.