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Mãe de aluno de Gaspar faz campanha homofóbica para que escola não tenha diretor gay

Sindicato dos Trabalhadores da Educação emitiu nota de repúdio sobre o assunto

O professor Lodemar Luciano Schmitt, da Escola Professora Dolores L. S. Krauss, em Gaspar, foi alvo de ataques homofóbicos por parte de uma mãe de aluno, em uma campanha para que ele não seja o novo diretor da unidade escolar. O problema é que o motivo desta campanha é um só: a homossexualidade do educador.

Em áudios encaminhados pelo WhatsApp, a mãe do aluno diz: “As crianças sempre imitam os adultos, então pensa teus meninos imitando o Lodemar? Ele é afetadíssimo. Acho que tem lugar pra ele numa escola secundária, ou numa faculdade, não estou duvidando da competência dele. Eu só não queria que as crianças, tão precocemente, tivessem contato com esse tipo de pessoa”.

No áudio, a mulher segue afirmando que Lodemar, que tem uma carreira de quase 30 anos como professor, não deveria ser o diretor porque ‘seu lugar não é ali’. “Tem criancinha de seis anos ali, o que vão pensar? É professor ou é professora? Pensem nisso gente”.

Ela conclui o áudio fazendo uma campanha para que o maior número de pais possível vá até a escola votar para que Lodemar não seja o novo diretor – não pela sua competência ou qualificação profissional, mas, como já dito, por ser um professor gay.

Em suas redes sociais, a mãe do estudante pediu desculpas para Lodemar e pelos áudios que encaminhou, após a repercussão negativa.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte-SC) emitiu uma nota de repúdio pela atitude da mulher.

Confira a nota na íntegra:

O Sinte-SC, através da secretária de Gênero e Direitos Humanos Anna Julia Rodrigues e do Coordenador do Coletivo Estadual LGBTI Fazendo a Diferença, Sandro Luiz Cifuentes, repudia veemente a campanha homofóbica que vem sendo feita, principalmente através de aplicativos de mensagens na internet, contra o professor de matemática Lodemar Luciano Schmitt, que atua há 19 anos na rede municipal e há 26 na rede estadual, para que o mesmo não seja eleito diretor, nas eleições municipais que ocorrem amanhã, 22/11, na Escola Professora Dolores L. S. Krauss em Gaspar, apenas por sua orientação sexual.

O professor Lodemar foi da coordenação municipal do SINTE de Gaspar, atualmente é um dos Conselheiros Estaduais eleitos da entidade. Tem a vida dedicada a docência, a educação e a luta pelos direitos humanos e dos trabalhadores, não tendo qualquer comprometimento em sua carreira ou vida pessoal, que o desabone enquanto profissional e pessoa.

O SINTE-SC teve acesso aos áudios lamentáveis enviados por uma mãe de duas alunas do 5º ano da Escola Dolores, a outras mães e pais de estudantes onde ataca o professor com enorme preconceito, usando palavras como “esse tipo de pessoa”, “que está pensando nas crianças, nem tanto nas meninas, mas nos meninos vendo aquilo ali” e muito mais. Ela menciona nos áudios que já organizou reuniões com os pais, quando fez campanha para que baseado na orientação sexual do professor, ignorando sua história, carreira e profissionalismo, votem não nas eleições, pois ele é candidato único, porque desta forma o Prefeito não poderá dar posse a Lodemar, já que é apoiado por todos os trabalhadores da escola.

O SINTE-SC lembra a esta mãe, e aos demais pais ou responsáveis que seguem nessa campanha de ódio, que desde 13 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) considera que a homofobia é crime, equiparando as penas por ofensas a homossexuais e a transexuais às previstas na lei contra o racismo. O Ministro Fachin disse em seu voto que “Nenhuma instituição pode deixar de cumprir integralmente a Constituição, que não autoriza tolerar o sofrimento que a discriminação impõe”. Vamos fazer a denúncia em todas as esferas e órgãos de direitos humanos. É inaceitável dentro das escolas, no âmbito da educação, as práticas da intolerância, do preconceito e do ódio, estas que todos os dias matam LGBTIs através da violência, depressão e suicídio.

O SINTE-SC se solidariza com o Professor Lodemar e reafirma que vai continuar na luta contra qualquer tipo de preconceito contra os(as) trabalhadores(as) em educação, tanto nos municípios, quanto no Estado. Basta de LGBTIFOBIA!