Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Liberte-se da escravidão dos bens materiais

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Liberte-se da escravidão dos bens materiais

Pe. Adilson José Colombi

Uma das grandes e cobiçadas aspirações do ser humano é libertar-se. A libertação de algo ou de alguém sempre esteve no imaginário de todo o ser humano. Ao longo da História da Humanidade, muitas foram as maneiras e motivos da busca de libertação. Na sociedade e na cultura atuais, também há a necessidade de busca de libertações. E não são poucos os apelos de libertação. Um deles, porém, nem sempre é bem explícito. Ao contrário, é camuflado de vários modos. Porque a própria sociedade e a cultura são cúmplices. Tentam, de múltiplas formas, fazer entender que não é uma escravidão. Mas, é uma verdadeira libertação. Talvez, o caro leitor e a estimada leitora ainda não perceberam de que escravidão esteja me reportando. Então, vou lhe revelar que se trata da escravidão dos bens materiais. Por que é escravidão, se são necessários?
Na minha vida, já escutei inúmeras vezes uma fala, mais ou menos com esses termos: “não é para mim que trabalho, mas para meus filhos. Não quero que eles passem o que eu passei”? Aparentemente, uma atitude louvável! Todavia, quase sempre essa afirmação se refere ao futuro material dos filhos. Esse pai ou esses pais só veem a situação material. Estão pensando e agindo, passando a ideia que os bens materiais são a garantia absoluta de uma vida diferente, mais livre de obstáculos, de felicidade…
Esqueceram, esses pais, que educar e encaminhar para o futuro não é, apenas, suprir suas necessidades materiais. Em outras palavras, não só dar-lhes “coisas”, bens materiais ou ensiná-los a adquiri-los, a acumulá-los. Com frequência, perdem de vista que o fundamental na educação é dar aos filhos as condições fundamentais para que sejam seres humanos equilibrados. A base dessa educação não está no “ter”, mas no “ser”. Ensiná-los, portanto, a “ser-mais” e não, apenas, a “ter-mais”. Podem os pais ter a certeza que se conseguiram passar essa ideia, eles saberão conseguir tudo o que for preciso, materialmente, para continuarem a ser o que aprenderam em casa e até a se tornarem mais homens e mulheres equilibrados e harmônicos com os demais e com o mundo que o cercam.

É bom recordar que não é necessário um montante enorme de bens materiais para ser escravo deles. Não é tanto a quantidade de bens que escraviza. Mas, o espírito com que se lida com eles. Basta nutrir desejos de ambição desmedida, inveja, cobiça e apegos exagerados para já paralisar o processo de “ser-mais” e alojar em si o de “ter-mais”. A escravidão não está “fora” ou vem “de fora”, das “coisas em si”. Mas, está “dentro”, no íntimo do ser humano.

Por isso é preciso que haja uma libertação da escravidão dos bens materiais. Aqui, necessária se faz uma mudança de mentalidade. Uma verdadeira conversão. Portanto, uma mudança de rumo na educação dos filhos. Para isso, é útil e até salutar revisar e avaliar: “Quanto tempo gasto em dar “coisas” aos filhos? Dito de outra forma, quanto tempo trabalho para eles? E quanto tempo “gasto” para brincar com eles, para ouvi-los, estar com eles, dialogar com eles, acompanhá-los em seus estudos, seus esportes, etc… Como expresso meu amor a eles? Dando “coisas” e mais “coisas”…

É claro que não se trata, apenas, do número de horas passadas com os filhos que contam. Muito mais do que a quantidade de minutos, vale a qualidade da presença, da intensidade dos relacionamentos, do ambiente criado nos encontros, regados e regidos pela escuta, carinho, afetividade, amor. Esse ambiente vale mais que todos os bens materiais ali presentes. Pois, são essas atitudes que formam seres humanos livres, alegres, seguros, equilibrados, prontos para crescerem sempre mais como seres humanos.

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