João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Seremos bons irmãos e amigos?

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Seremos bons irmãos e amigos?

João José Leal

Por mais de ano e meio, salvo o convívio familiar no interior das quatro paredes de um lar, a epidemia impediu que as pessoas se reunissem para encontros de amigos e de fraternais abraços. Agora, passados os dias de sufoco e medo, milhões de infectados, mais de 640 mil mortos, macabro morticínio a não ser jamais esquecido, já dá para ver o enorme estrago causado pela pandemia nas relações pessoais e sociais. Sequelas nas nossas mentes, certamente ficarão para sempre.

Mas, nem tudo foi ou está perdido. Tempo de esperança e paz, o Natal está chegando. Seja por milagre; seja pelo triunfo da ciência e sua mensageira da saúde, a vacina; seja porque, como diz a filosofia popular, não há mal que sempre dure ou ainda por feliz coincidência, a verdade é que a tempestade covidiana está passando. E já não é sem tempo!

Daqui a três dias, no próximo sábado, mais tranquila e descontraída, a família, grande ou pequena, estará reunida para a festa natalina. Pais e filhos acrescidos de tios, sobrinhos, primos e até da sogra, todos sentarão à mesa garfando o peru, que já não morre mais na véspera, porque hoje ninguém mais tem quintal para criar aves domésticas. Tudo se compra no mercado nosso de cada dia e o peru ou o peitudo chester vêm de longe, de distantes frigoríficos, já temperado, pronto para ir ao forno, porque aliviar a faina estressante da dona de casa é preciso.

Jantar natalino, é claro, não é só peru e outras iguarias. É também encontro para muita conversa e discussão, às vezes acaloradas, de familiares com uma taça ou copo na mão. Como se sabe, só Maomé proibiu o pecado da bebida alcóolica, vista como abominável obra de Satanás. Mais complacente com as fraquezas do ser humano, Cristo até ofereceu vinho aos seus fiéis discípulos, que bem aprenderam a lição para não deixar de espalhar a boa nova pelo mundo a fora.

Com ou sem evangelho ou alcorão, a verdade é que faz milênios que o ser humano não sabe fazer festa sem a eloquência da euforia etílica libertada de uma boa garrafa de vinho, de cerveja ou de cachaça. No Brasil, nesta democracia de contradições mil em que vivemos, cada um bebe o que pode, não o que quer. E assim, todos ou quase todos se abraçarão ou se presentearão de copo na mão.

Sabemos que o Natal deve ser muito mais que só comida, bebida e só presentes materiais. Como disse o admirável mensageiro da paz e do amor fraternal, Papa Francisco, “o presente de Natal é você, quando consegue comportar-se como verdadeiro amigo e irmão de qualquer ser humano”. Não é fácil. Mas, no mínimo, devemos ser mais solidários com o próximo.

Aos meus amigos e leitores, desejo um Natal de braços abertos, mãos estendidas e muita paz.

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