João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Primavera ainda com cara de inverno

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Primavera ainda com cara de inverno

João José Leal

Pois é! Já estamos na primavera. Para a meteorologia, a estação começou pontualmente às 16h21, da última quarta-feira. Grande parte das flores já desabrochou para mostrar a beleza de suas pétalas e cores, os pássaros já estão cantando. Mas, o dia não esteve nada para uma estação primaveril.

Com precisão de relógio suíço, os homens da meteorologia, esses magos do tempo e temperatura que nos dias atuais, satélites e computadores nas mãos, erram pouco e acertam muito, haviam anunciado que o primeiro dia da estação seria chuvoso, com fortes ventos vindos do sul e com frio, porque de lá nunca vem calor. E não deu outra. Foi um dia com cara de inverno. Nada de temperatura amena ou um pouco aquecida, própria dos dias de primavera. A frente fria chegou e tivemos um dia hibernal, que nos obrigou a continuar vestindo casacos, blusas e jaquetas.

É interessante! Quando jovem, nunca me preocupei com a previsão do tempo, se iria chover e fazer frio ou se o dia seria ensolarado e quente. Talvez, porque a juventude seja como a primavera, uma estação cheia de cores e flores, mas passageira. Agora, é diferente. Chegamos à velhice e ficamos olhando o tempo. Não os dias ou anos que nos restam, porque essa lembrança nos assusta. Mas, o tempo que indica frio ou calor, sol ou chuva e vento.

A verdade é que, nesta idade avançada de minha vida, tenho tido tempo para consultar as previsões do tempo e até para escrever, como agora, sobre as estações do ano. Em junho, já escrevi uma crônica sobre os dias de frio, geada e até neve na serra catarinense. E não foi só em junho. Durante todo este inverno, tivemos temperaturas gélidas trazidas por algumas ondas e massas polares, trazidas por ventos soprados desde o continente antártico.

Sofro muito com o frio e este foi um inverno rigoroso, daqueles de vestir roupa de lã quase todos os dias. No entanto, não devo me queixar. É muito bom para todos. Se o aquecimento global está acontecendo como dizem os cientistas do clima, parece que não está sendo tão rápido. Assim, os governantes e todos nós, homens de boa vontade, ainda temos tempo para reverter o quadro de poluição da atmosfera e o perigoso efeito estufa.

Então, que cada inverno continue com frio e geadas, que os polos norte e sul e que os picos das grandes cordilheiras conservem a brancura das suas geleiras. Mesmo que os dias hibernais sejam doloridos, muitas vezes tristes de fazer a gente ficar entocada em casa, isso mostrará que o planeta não está aquecendo tão rápido.

A natureza tem o seu calendário que ninguém vai mudar. E, por mais que o inverno nos castigue com frio e geada, a primavera sempre voltará para cumprir a sua missão de espalhar flores e de se transformar num palco de cantoria dos pássaros.

É assim que vejo a primavera, olhando o jardim florido da minha casa e os canteiros coloridos das ruas da minha cidade.

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