João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Grito do Ipiranga e o Bicentenário da Independência

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Grito do Ipiranga e o Bicentenário da Independência

João José Leal

O assunto da crônica desta quarta-feira, não poderia ser outro senão o bicentenário da nossa independência política. Entre as datas comemorativas mais importantes da nossa história o Sete de Setembro tem sido festejado a cada ano para lembrar do dia em que nos tornamos livres do domínio colonialista português. Mas, a comemoração deste ano deve ser bem maior, pelos 200 anos de emancipação em face do domínio português.

É verdade que a nossa independência não foi conquistada a ferro e fogo, por meio de uma guerra de sangue derramado, como aconteceu em muitos países da América. Depois da Inconfidência Mineira, de 1789, e das revoluções baiana, de 1798 e pernambucana, de 1817, quando muitos dos seus defensores pagaram com a própria vida, o sentimento nacionalista parece ter fenecido nos corações dos brasileiros.

Mas o Brasil, colônia muito maior que a matriz colonialista, haveria de ser, sim, uma pátria independente. Não pela guerra, mas por meio de concessões que a família real aqui estabelecida viu-se obrigada a fazer. A principal e decisiva delas, a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal, em 1815, nos libertou da condição de simples colônia. Daí até a independência política seria uma questão de apenas pouco tempo que veio a acontecer, salvo a resistência portuguesa em algumas poucas províncias, sem guerra sangrenta de norte a sul.

Na Bahia é que a resistência das forças portuguesas foi maior. Vidas foram sacrificadas, entre elas a da freira Joana Angélica — mártir da nossa independência — assassinada por impedir que soldados portugueses entrassem no seu convento à procura dos defensores da liberdade política.

Mas, de um modo geral, nossa independência nos chegou como um presente entregue por um imperador com o coração dividido entre duas pátrias. Aquela em que nasceu e para onde retornou para morrer e esta em que viveu a infância, a juventude e os seus amores adulterinos só aos monarcas tolerados.

Assim, conta a história, sempre feita de versões, que bastou um grito do jovem Imperador às margens do riacho Ipiranga, para conquistarmos, aliás, para sermos presenteados com a independência política. Nenhum monarca foi destronado. Ao contrário, a espada da independência continuou nas mãos do mesmo monarca que continuou sua viagem de aventura amorosa vivida em São Paulo, de volta ao Rio de Janeiro.

Na capital do Império, sua fiel esposa, a imperatriz Leopoldina e José Bonifácio, o grande articulador da Independência, já haviam preparado todos os atos formais necessários à proclamação e consolidação da nossa emancipação.

Ipiranga, em tupi-guarani significa rio vermelho. No entanto, às suas margens, sangue pela independência e liberdade não correu e as suas águas, então cristalinas, continuaram o seu percurso tranquilamente para fazer parte da história da nossa nação.

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