João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Colônia Brusque: os três primeiros médicos

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Colônia Brusque: os três primeiros médicos

João José Leal

Em crônica anterior, já vimos que o primeiro médico formado a trabalhar na então Colônia Brusque foi o Dr. Otto Linger, sobre o qual pouco de sabe, a não ser o seu nome e que, provavelmente, era alemão. Aqui chegou no último dia do ano de 1863 para trabalhar já em janeiro. Foi uma grande conquista para a administração colonial do Barão de Schneéburg. Imagine o leitor! Num país pobre como o Brasil daquela época, a presença de um médico assalariado pelo governo imperial e formado na Europa para atender a uma comunidade com apenas 1151 almas.

Para tristeza do Barão de Schneéburg, pouco tempo aqui ficou pois, em fins de setembro, pediu licença e não mais retornou a Brusque. No entanto, o precedente estava criado. No começo de 1865, o médico suíço Alexandre Rufener já estava atendendo aos colonos. Além do seu nome e nacionalidade, sabe-se que tinha 36 anos de idade, informação por ele prestada quando chegou a se alistar no tão patriótico quanto polêmico contingente de emigrantes, aqui formado para combater na guerra do Paraguai.

Informações prestadas pelo Diretor dão conta de que foi um profissional dedicado ao trabalho e que teria realizado um bom trabalho de assistência médica aos colonos, realizando “frequentíssimas viagens para atender aos doentes, nas quatro diferentes ramificações” do extenso território da Colônia. Assim, escreveu o Barão que Rufener fazia jus a uma ajuda mensal de 30 mil réis mensais a título de indenização pelas despesas “com as suas “cavalgaduras de deslocamento”.

Trabalhou até novembro de 1866, tendo sido sucedido meses depois pelo Dr. Antônio Scharn, terceiro médico da Colônia. Conforme informação do historiador Oswaldo Cabral, era ele portador do diploma de médico prático e parteiro do Reino da Prússia, reconhecido pelo Império do Brasil. No começo de 1867, já estava prestando assistência aos doentes da Colônia para fazer jus aos “costumeiros vencimentos de 2 contos de réis anuais”.

Não entanto, a vida não foi fácil para o terceiro médico brusquense. Tendo perdido o seu emprego público, Rufener aqui ficou para afrontar a autoridade do Diretor, a hostilizar e a incitar os colonos contra Scharn, dizendo que este não passava de um “médico de cachorro”. Superadas as intrigas e ofensas levantadas pelo inconformado médico demitido, Antônio Scharn conseguiu, enfin, realizar em paz o seu trabalho de assistência aos colonos.

Muito pouco tempo também permaneceu na Colônia Brusque. Documento arquivado na Casa de Brusque informa que, já em março de 1967, escreveu ele suplicando ao governo imperial que o deixasse partir da Colônia. Não foi atendido de pronto na sua súplica e daqui somente saiu no final daquele ano.

Como se vê, a história da medicina brusquense começou com médicos vindos da Alemanha e da Suíça, o que representou uma grande conquista em termos de assistência à saúde dos colonos. Mas, não deixou de ter as suas intrigas, as suas desavenças e, como sempre, os descontentes e inconformados por seus interesses contrariados.

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