João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Colônia Brusque e o transporte fluvial

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Colônia Brusque e o transporte fluvial

João José Leal

Os rios, grandes ou pequenos, sempre foram um meio de comunicação, um caminho de águas mansas por onde essa criatura que se autodenomina ser humano tem navegado em busca de outras plagas, na sua sanha cigana de povoar os cantos mais remotos deste tão congestionado planeta. Não é preciso ser geógrafo ou historiador para saber que muitas cidades foram surgindo ao longo dos tempos, muitas fundadas até com registro oficial, à beira dos rios. Paris, Londres e Nova Iorque são os casos mais emblemáticos e conhecidos por seus famosos rios cantados em verso e prosa.

Nossa Brusque não foge a essa regra. Liderando os 55 primeiros colonos, o Barão de Schneeburg caminhou pelas margens, navegou em toscas canoas, numa sacrificante viagem de cinco dias, para aqui implantar a sede a Colônia Brusque na margem esquerda do rio Itajaí-Mirim.

Ninguém vive isolado e, na época, a civilização estava no litoral, se refrescando à beira-mar. E o olhar do Barão e dos colonos vindos da longínqua Alemanha mirava o porto de Itajaí. Este, era o ponto de partida dos barcos que transportavam os colonos e a sua produção agrícola para a capital Desterro e as demais cidades portuárias. Levavam, também, as cartas certamente cheias de saudade que contavam o drama da vida sofrida dos primeiros tempos coloniais. Do porto de Itajaí, aqui chegavam também as demais levas de emigrantes e as mercadorias indispensáveis à sobrevivência dos nossos colonos.

Documentos da época, guardados na Casa de Brusque, mostram que apesar do seu insistente pedido, uma estrada carroçável até Itajaí e o litoral só aconteceu anos depois do Barão ter deixado a direção da Colônia. E, assim, o rio Itajaí-Mirim, ao lado dos caminhos e picadas quase sempre intransitáveis, foi a alternativa frequentemente utilizada para transportar boa parte das pessoas e de mercadorias, em lanchas e canoas de pequeno porte.

No Relatório de 1863, o Diretor informa que havia na Colônia 14 canoas e 5 lanchas particulares. Pelo porte, as primeiras deveriam ser usadas para a pesca artesanal e o transporte de pessoas de uma margem à outra do rio, pois a primeira ponte só seria construída 45 anos depois. Já as lanchas, provavelmente eram usadas para transportar pessoas e mercadorias entre a Colônia e a cidade de Itajaí. E dali para outras cidades, garantindo à comunidade brusquense rompesse o isolamento a fim de exportar os seus produtos e adquirir aqueles aqui não encontrados.

Hoje, olhando o rio Itajaí-Mirim deslisar no seu leito quase sem águas, custo a acreditar que uma lancha carregada de mercadorias, por menor que fosse, pudesse navegar até o porto de Itajaí. Mas, documentos indicam que, por muitos anos, muita gente, muita mercadoria foi transportada em pequenas embarcações, que subiram e desceram deslizando sobre as águas do rio companheiro.

Hoje, não há mais lanchas e nem se vê canoas no Itajaí-Mirim. Mas, ele continua sendo o rio-amigo a nos oferecer a água nossa de cada dia a correr nas torneiras das nossas casas.

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