João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Colônia Brusque: canoeiros ocasionais do Correio

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Colônia Brusque: canoeiros ocasionais do Correio

João José Leal

Além de outros serviços e auxílios aos colonos, desde os primeiros tempos, Maximiliano von Schnéeburg empenhou-se em reivindicar a criação de um serviço postal para a Colônia Brusque. Ele próprio vindo da Áustria, sabia muito bem que os primeiros meses na América, em terras do sul do Brasil, seria um tempo de provação, de sacrifício para os seus colonos imigrantes.

Um tempo de nostalgia e tristeza pela lembrança constante do solo germânico e das coisas que lá ficaram para sempre; um tempo de saudade dolorida dos pais, irmãos e amigos que não seriam mais vistos, porque a travessia do Atlântico para viver numa nova pátria era uma viagem sem retorno.

Sabia o Barão que a correspondência epistolar dos imigrantes aqui chegados seria um elo de comunicação com os familiares e amigos que haviam permanecido na terra natal. Mais que um simples canal de informação, escrever cartas para contar sobre as tristezas e as alegrias aqui vivenciadas e, da Alemanha, receber notícias dos entes queridos, constituía uma importante ponte de intimidade para conversas escritas numa linguagem cheia de saudade e de afetividade.

As cartas, certamente, ajudariam os colonos a vencer os momentos difíceis dos primeiros tempos de construção da vida colonial e a espancar a nostalgia, a saudade e os fantasmas que povoavam os sonhos dos colonos. Enfim, seriam um lenitivo para as dores do espírito de uma gente que deixara o seu passado na distante Alemanha.

Por isso, dois meses depois da chegada, Schnéeburg já escrevia ao presidente da Provincia que tinha sido sobrecarregado “com cartas dos colonos para os parentes na Alemanha, com notícias de contentamento” e convites para virem juntar-se a eles. Então, pedia que as próximas cartas para a Alemanha tivessem o porte franqueado.

O Barão deve ter continuado a levar, de vez em quando, algumas cartas dos seus colonos. Outras pessoas também faziam o serviço do correio colonial de forma improvisada, incerta e gratuita. Tanto que, em março de 1865, enviou ofício ao presidente da Província, queixando-se da falta de recursos para esse importante serviço público. Explicou, ainda, que até então, o serviço postal vinha sendo feito voluntariamente, sem “responsabilidade, regularidade nem fidelidade por canoeiros ocasionaes”.

Só em agosto daquele ano, quando a Colônia já completara o seu quinto aniversário, o Barão foi finalmente autorizado a contratar um funcionário para realizar o serviço postal.

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