Já temos jogatina demais II
No artigo anterior, levantamos um pequeno véu dos malefícios que o jogo tipo cassino (roleta, caça-níqueis, pôquer, bingo…) causa na sociedade e nas famílias daqueles que são viciados nesta modalidade. Como dito, os parlamentares patrocinados pelo gangsterismo do jogo, (que estão por trás) são mal orientados e induzidos pelo engodo dos “benefícios” ao país; não avaliam o mal que causam pelo outro lado da história.
O argumento que o jogo sempre fascinou o ser humano, e que se o restringir ele sempre funcionará na ilegalidade é falacioso. Por esse raciocínio é mais cômodo sacramentar um mal para a sociedade do que erradicá-lo. Argumento relativista, corrigir um erro moral através de outro erro; se proibir ele continuará existindo, então é “melhor” permitir do que combater, assim como se pensa sobre a maconha.
A experiência demonstrou que o jogo permitido em todos os países tem sido um desastre moral dando a oportunidade de corrupção, lavagem de dinheiro, prostituição… Mesmo que o jogo tenha uma taxação pesada, a arrecadação não cobre aquela que se deixou de haver sem jogo. O montante dos valores perdidos nos jogos pelos viciados é o que deixa de circular na sociedade.
A tentativa de regulamentar o jogo do bingo no Brasil já foi tentado de maneira tímida pela Lei Pelé entre 1998 e 2002; os defensores esperavam arrecadar R$ 15 bilhões, não chegou a 1%, segundo relatórios da PGR. Um projeto desta envergadura agora criaria uma superestrutura de controle, fiscalização e arrecadação, em todo território nacional. Uma lógica absurda, criar uma despesa gigantesca por um mal perverso.
Quando se abre um cassino, inicialmente a região se beneficia com os investimentos. Mas os efeitos econômicos e sociais tornam-se impactantes e difícil de quantificar, já detectado em diversas cidades americanas liberadas para cassinos como uma tábua de salvação de regiões estagnadas.
Do ponto de vista humano, os efeitos mais visíveis para indivíduos e famílias são o vício patológico, falência, divórcio. Segundo a psicóloga Salua Omais, “os próprios setores ligados à saúde pública não possuem profissionais capacitados para lidar com esse público [os viciados em jogos de azar], sendo raríssimos os centros especializados no atendimento de jogadores patológicos no país”.
Pensando pelo lado economês, alem do dinheiro perdido em apostas, a esperança matemática será sempre negativa; se se ocuparem em outras atividades, como comprando, passeando, circulando pela via honrada da vida estariam pela sua movimentação “gastando” seus recursos o que ajudaria o progresso do país, gerando oportunidades maiores de emprego, do que aqueles dissimuladamente o seriam pelas atividades do setor de jogo.
Os maiores beneficiários da jogatina não seriam os cidadãos nem o Estado, mas criminosos, que teriam sua atividade ilegal, agora com a capa de legalidade.