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Isolamento aumenta intolerância entre moradores e gera atritos em condomínios de Brusque

Desrespeito às medidas restritivas é o maior problema, segundo os administradores de condomínios

Desde o início da pandemia, vários locais tiveram que se adaptar com as mudanças por causa do coronavírus. Medidas de segurança como limpeza, a prevenção com o uso de máscara e higienização de ambientes compartilhados estão entre as modificações. Nos condomínios, os síndicos são os incumbidos de zelar pelo cumprimento das regras, mas não têm tido vida fácil.

De acordo com a proprietária da HB Administradora de Condomínios, Fabiane Horst, após o início da pandemia, os problemas entre os moradores aumentaram, e os síndicos estão sobrecarregados.

Fabiane destaca que como há diversas pessoas trabalhando em casa e famílias com crianças em isolamento, o maior problema está sendo lidar com as pessoas, e o nível de tolerância tem sido baixo.

Ela também ressalta que houve casos onde moradores com suspeita de Covid-19 ou confirmados não informaram ao síndico do condomínio, o que acaba colocando outros moradores em risco, mesmo com as medidas de segurança dentro dos prédios.

Com a informação, o síndico aumenta a higienização dos locais, assim como fica à disposição do morador em caso de necessidade, como levar o lixo ou precisar de algo, informa.

Segundo Fabiane, comunicados, normativas e ações são tomadas e enviadas aos moradores quase diariamente, a fim de evitar a proliferação do vírus nos ambientes compartilhados.

De acordo com Cleber Pereira da Silva, síndico responsável por três condomínios no Centro, Maluche e Dom Joaquim, há certos detalhes da convivência que são comuns na vida diária, mas com a Covid-19 estas situações se agravaram e as pessoas estão sendo intolerantes.

Ele comenta de modo geral que barulhos que eram até então suportáveis agora viraram motivos de reclamação, e acredita que os moradores estão mais sensíveis e estressados que o normal, o que acaba refletindo no condomínio como um todo.

Sobre os casos de Covid-19, ele informa que até o momento houve apenas uma reclamação e aviso de um morador parte do grupo de risco com suspeita. Ele tomou as devidas precauções, assim como as pessoas foram alertadas para redobrarem a prevenção.

O síndico destaca que todos devem tomar o cuidado necessário, não pensando apenas em si, mas também no próximo. “Em um condomínio vivem várias famílias, mesmo que não tenha sintomas, não queremos ser a casa da morte de ninguém”.

Silvano de Souza, síndico responsável por aproximadamente 320 apartamentos em Brusque, comenta que como a pandemia está sendo uma situação diferente para as pessoas, algumas levam a sério, mas a maioria não se cuida e não respeita o uso de máscaras ao circular pelo condomínio.

Souza tem cinco anos de experiência na profissão, e considera este período o mais desafiador, em que todos tiveram que se reinventar.

Ele informa que um dos condomínios sob sua responsabilidade tiveram casos confirmados de Covid-19, por isso há uma cobrança maior com os moradores, porém “há resistência e notificamos pessoas de acordo com o regimento interno, decreto, e infelizmente alguns moradores tivemos que aplicar multas por causa da gravidade do caso”.

Ele ressalta que a cobrança nas medidas de prevenção são para a saúde de todos, mas muitos moradores levam para o lado pessoal, atacando o próprio síndico.

Souza relata que no início da pandemia a rotina era novidade, e os conflitos entre os vizinhos começaram aumentar um mês depois. “Entendemos que viver em apartamento principalmente para quem tem crianças é complicado, pois elas ficam confinadas e acaba fazendo mais barulho que o normal”.

O síndico ressalta que se sente em uma corda bamba ao realizar as mediações entre uma parte e outra. Por isso, pede que os moradores tentem buscar o bom convívio ao máximo, tendo equilíbrio entre exagerar de um lado, e cobrar demais do outro, e acima de tudo, ter paciência durante a quarentena.