Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A indústria têxtil em Brusque e a importância da Mulher – Parte V

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A indústria têxtil em Brusque e a importância da Mulher – Parte V

Rosemari Glatz

Carlos Renaux estava convencido de que a fábrica de tecelagem não teria êxito em Brusque sem possuir uma fiação própria e, em 1900, inaugurou a fábrica de fiação, marcando uma nova etapa no desenvolvimento da empresa.

Brusque: Berço da Fiação Catarinense
A fábrica de fiação de Renaux foi a primeira instalada em Santa Catarina e rendeu à Brusque o título de “Berço da Fiação Catarinense”. Prestara-se um serviço extraordinário com essa instalação, pois dera-se, assim, uma base segura à fiação que pôde, desde então, dispensar os fios importados a preço muito mais elevados.

Alguns anos depois, anexou-se à fiação Renaux uma seção de tinturaria, completando-se dessa maneira, organicamente a instalação. O tingimento processava-se de uma forma primitiva.

Tingia-se em cubas os fios torcidos em cordões e as opções de cores eram poucas. Entretanto, é de constatar que, até a época após a Guerra Mundial, os êxitos da fábrica não foram muito satisfatórios, devido às circunstâncias contrárias já citadas.

A dificuldade de conseguir matéria prima adequada
Nascera, porém, nova dificuldade: a de conseguir o algodão apropriado. Antes de 1914 ainda não se produzia algodão no estado de São Paulo, que era plantado apenas no norte do Brasil. Este tinha as fibras bastante heterogêneas, de sorte que se fazia mister uma segunda preparação na fiação.

Ficou, assim, muito prejudicada a capacidade produtora da fábrica. Acrescia que o algodão era fornecido em estado sujo e coberto de areia, resultando numa percentagem relativamente alta de resíduos.

O comércio de tipos de algodão ainda se achava nos começos, e, na prática, não merecia confiança. Durante a Guerra Mundial Renaux comprou parte do algodão necessário na América do Norte.

A crônica falta de capital
Além dos embaraços criados pela nova matéria-prima, já por si desagradáveis, sentia-se sobretudo a já crônica falta de capital para a cobertura das despesas de movimento e para a aquisição de um maquinário têxtil moderno.

Na expansão do mercado tudo dependia da qualidade dos produtos. Os da fábrica Renaux não podiam rivalizar com a mercadoria estrangeira em padrões e apresentação. Distinguiam-se, porém, entre os produtos nacionais, pelos preços módicos e a qualidade superior e, sobretudo, pela boa coloração fixa que nas cores vermelha e preta criou a fama dos tecidos Renaux. A freguesia do artigo compunha-se, até então, principalmente de caboclos e colonos que trabalhavam no campo.

A liquidação das dívidas junto à firma A. O. de Freitas
Buggenhagen (1941) informa que entre os anos de 1900 até 1918 se verificaram lucros módicos nas indústrias Renaux. A I Guerra Mundial também não pôde dar impulso especial à novel indústria, porque o poder aquisitivo da população rural se achava bastante reduzido. Mas, mesmo assim, a Renaux conseguiu liquidar, em 1917, os grandes créditos da firma A. O. de Freitas, de Hamburgo, que consumiam os lucros da empresa, prejudicando o seu progresso. Deve-se esse resultado, antes de tudo, à tenacidade e perseverança de Carlos Renaux que dia 11 de março estaria completando 157 anos de idade, seguido pela boa qualidade dos seus produtos e pela feliz escolha dos seus colaboradores.

A importância da Mulher dentro da indústria
Emilie Abel Haacke, conhecida em Brusque como “Mutter Haacke” compunha o grupo de imigrantes aqui chamados de “Tecelões de Lodz”. Maria Luiza Renaux (1995) conta que “Mutter Haacke” foi um elemento muito importante nos primórdios da industrialização na região de Brusque porque ela, além de contribuir com seu próprio trabalho, ensinava às novatas o mecanismo da fiação. Devido à sua importância dentro da indústria, ela tinha o privilégio de amamentar seus filhos nas dependências do emprego, coisa incomum naquele tempo.

Continua na próxima semana.

Fonte: 

BUGGENHAGEN, E. A. von. História Econômica no Município de Brusque e a obra do Cônsul Carlos Renaux. [SI]. Brusque, 1941. Não publicado.
RENAUX, Maria Luiza. O Outro Lado da História: o papel da mulher no Vale do Itajaí 1850-1950. Blumenau. Editora da Furb, 1995.

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